Curitiba é uma cidade cheia de coisas interessantes; algumas são atrações turísticas, outras nem tanto. Para entender certos fatos, aspectos e até mesmo lendas, o cara tem de ser calejado, ter gastado muita sola de sapato e escutado muita história e outro bom tanto de papos furados. Aí vale aquele ditame: Quem conta um conto aumenta um ponto.
Uma ferramenta que muita gente usa, principalmente a classe estudantil para fazer trabalhos escolares, é a que existe na internet denominada de Wikipédia, Enciclopédia Livre. Entretanto, tal dispositivo intelectual pode ser considerado inconfiável, haja vista a quantidade de chutes informativos.
Por mera curiosidade, dei uma voltinha pela nossa Rua XV de Novembro no tal site. Resultado: saí de fininho. Como dizia o véio Lulo: Saltei de banda! Ali consta que a Avenida Luiz Xavier e a Rua XV foram fechadas para uso exclusivo de pedestres em maio de 1972 e que ambas então passaram a ser conhecidas como Rua das Flores e que o espaço foi o primeiro do Brasil dedicado exclusivamente ao uso de transeuntes, no pé dois.
Para início de conversa, aquelas vias foram se tornando de uso específico de caminhantes paulatinamente. Ou seja, a Rua XV foi sendo fechada em partes, tanto é que no fim do ano de 1972 ainda existia parte com trânsito de automóveis. A Avenida Luiz Xavier até hoje ainda tem circulação de carros. Quanto ao nome de Rua das Flores, sugerido para ser usado em ambas as vias, não existe. É mero apelido sugerido por aconchegados ao prefeito de então.
Quanto a ser a primeira rua dedicada ao tráfego exclusivo de caminhantes no país, é discutível. Aqui mesmo em Curitiba, já existia uma via assim destinada em meados da década de 1960: a Travessa Oliveira Belo. Outro fato interessante é que consta a tal Rua das Flores ter sido tombada pelo governo como paisagem em 1974. O que é outra falsidade. Sendo tombada não poderia sofrer interferências em seu cenário, mas, entretanto, ocorreram.
As luminárias e os respectivos postes foram trocados por outros completamente diferentes dos originais. Foi instalado um calçamento tipo caminho, em vermelho, no já defeituoso piso de petit pavé. O coreto feito na Luiz Xavier foi retirado e em seu lugar foi colocado o relógio cujo espaço original era no interior da Praça Osório. Foram demolidos os recintos destinados a uma sala de estar e uma casa do ingresso e bem mais tarde, no mesmo lugar, foi construído um repuxo. Com todas essas modificações, o tal tombamento é de araque.
Para que o leitor compare as modificações ocorridas na Rua XV de Novembro, depois que foi fechada em 1972 e tombada em 1974, seguem algumas fotos feitas nos últimos 40 anos daquela via: