• Carregando...
Curitiba com seus mistérios. A Maçonaria, apesar de ser secreta, tinha sua sede na Praça Zacarias, e o estilo sinistro de seu prédio mexia com a curiosidade dos passantes | Acervo Cid Destefani
Curitiba com seus mistérios. A Maçonaria, apesar de ser secreta, tinha sua sede na Praça Zacarias, e o estilo sinistro de seu prédio mexia com a curiosidade dos passantes| Foto: Acervo Cid Destefani
  • O povo vai se juntando horas antes do início do comício de Getúlio Vargas, realizado à noite na sacada do Braz Hotel. O acontecimento reuniu metade dos habitantes de Curitiba
  • A Praça Tiradentes era conhecida como O Coração da Cidade. Era o ponto de partida e de chegada de quem se locomovia entre os bairros e o centro da cidade
  • Ponto de carros de praça na Avenida João Pessoa (Luiz Xavier). As corridas eram com preços pré-combinados, pois ainda não existiam os taxímetros. Motoristas eram educados e bem trajados
  • O bonde era a condução mais popular e ligava bairros distantes ao centro da cidade. O bonde da fotografia teve a sua carroceria projetada e construída em Curitiba
  • O Cine Luz, na Praça Zacarias, era um dos mais frequentados aos sábados à noite, assim como nas matinês de domingo
  • O Estádio Joaquim Américo, na Baixada, com sua torcida tradicional, sem alambrado e com assistentes acomodados dentro do próprio campo. Era outro tempo e outra cultura

A cidade terminava ali, indicada assim com o beiço. A população era de 180 mil pessoas, a maioria composta por curitibanos da gema. Como agora acontece, a cidade estava se preparando para receber duas disputas da Copa do Mundo daquele ano de 1950. Os jogos seriam realizados no Estádio do Ferroviário, na Vila Capanema. Naquele tempo, o Durival de Brito era o terceiro campo esportivo em tamanho no Brasil, antes de surgir o Maracanã. Em seus gramados se enfrentaram as seleções da Espanha, Paraguai, Estados Unidos e Suécia. A frequência esteve por conta, em sua maioria, dos habitantes locais, e o governo do Paraná teve de desembolsar 1 milhão de cruzeiros para cobrir as custas apresentadas pela Fifa.

Neste ano teremos eleições. Em 1950 também elas aconteceram, sem, contudo, os jogos da Copa – mesmo com a derrota do Brasil para o Uruguai – impedirem a vitória estrondosa de Getúlio Vargas e seu retorno ao poder. Aqui, Bento Munhoz da Rocha derrotava o candidato do PSD, partido do então governador Moisés Lupion. O curioso é de se notar que o comício de Vargas realizado na sacada do Braz Hotel entupiu a Avenida João Pessoa (Luiz Xavier), a Rua Quinze de Novembro e todas as transversais, com um público cinquenta vezes maior que a assistência da Copa no Ferroviário.

Em 1950, o curitibano ainda usava o bonde para ir aos bairros do Batel e Seminário, Água Verde e Portão, Juvevê e Bacacheri; assim como entre o Pilarzinho e o Asilo e Prado Velho. Ainda não existiam táxis em Curitiba: os automóveis de aluguel eram denominados carros de praça. A cidade possuía mais automóveis que telefones, cujo uso era por meio de telefonistas atendentes com a sua pergunta indefectível: Número faz favor?

A Avenida Luiz Xavier era conhecida como João Pessoa desde 1930. A dita Boca Maldita ainda não fora nomeada, e o local era conhecido por um codinome bem mais romântico: Cinelândia Curitibana. Afinal, ali se instalaram vários cinemas. O ponto de encontro mais badalado daquele espaço era a Confeitaria Guairacá, com bar de grande e seleta frequência, dependendo dos horários. Antigamente funcionou no local a Casa do Mate, a mais famosa casa de chá que Curitiba já teve.

Em 1950, os cinemas dominavam o setor das diversões públicas. As casas ficavam lotadas nos dias de estreia, que era toda quinta-feira. Nas noites de sábados, o centro da cidade fervia de público em direção aos cines Avenida, Ópera, Palácio, Luz, Ritz, Arlequim e outros no centro da urbe. Antes e após as sessões, a maioria do público passeava pela Rua Quinze de Novembro, no intuito de dar uma espiada nas vitrines das lojas, que estavam sempre muito iluminadas. No domingo, era a vez de a juventude comparecer às matinês e circular entre as frentes dos cinemas, onde os jovens observavam as garotas na tentativa de pelo menos um flerte. Durante as tarde de domingos, tais jovens faziam o footing pela Rua Quinze. E assim o curitibano ia levando sua vida, nos velhos tempos de 1950.

Para que o leitor tire um fiapo da vidinha curitibana em 1950, mostramos algumas fotos que nos remetem ao tempo da primeira vez que teve Copa do Mundo com jogos realizados em Curitiba.

Dê sua opinião

O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]