A cidade terminava ali, indicada assim com o beiço. A população era de 180 mil pessoas, a maioria composta por curitibanos da gema. Como agora acontece, a cidade estava se preparando para receber duas disputas da Copa do Mundo daquele ano de 1950. Os jogos seriam realizados no Estádio do Ferroviário, na Vila Capanema. Naquele tempo, o Durival de Brito era o terceiro campo esportivo em tamanho no Brasil, antes de surgir o Maracanã. Em seus gramados se enfrentaram as seleções da Espanha, Paraguai, Estados Unidos e Suécia. A frequência esteve por conta, em sua maioria, dos habitantes locais, e o governo do Paraná teve de desembolsar 1 milhão de cruzeiros para cobrir as custas apresentadas pela Fifa.
Neste ano teremos eleições. Em 1950 também elas aconteceram, sem, contudo, os jogos da Copa mesmo com a derrota do Brasil para o Uruguai impedirem a vitória estrondosa de Getúlio Vargas e seu retorno ao poder. Aqui, Bento Munhoz da Rocha derrotava o candidato do PSD, partido do então governador Moisés Lupion. O curioso é de se notar que o comício de Vargas realizado na sacada do Braz Hotel entupiu a Avenida João Pessoa (Luiz Xavier), a Rua Quinze de Novembro e todas as transversais, com um público cinquenta vezes maior que a assistência da Copa no Ferroviário.
Em 1950, o curitibano ainda usava o bonde para ir aos bairros do Batel e Seminário, Água Verde e Portão, Juvevê e Bacacheri; assim como entre o Pilarzinho e o Asilo e Prado Velho. Ainda não existiam táxis em Curitiba: os automóveis de aluguel eram denominados carros de praça. A cidade possuía mais automóveis que telefones, cujo uso era por meio de telefonistas atendentes com a sua pergunta indefectível: Número faz favor?
A Avenida Luiz Xavier era conhecida como João Pessoa desde 1930. A dita Boca Maldita ainda não fora nomeada, e o local era conhecido por um codinome bem mais romântico: Cinelândia Curitibana. Afinal, ali se instalaram vários cinemas. O ponto de encontro mais badalado daquele espaço era a Confeitaria Guairacá, com bar de grande e seleta frequência, dependendo dos horários. Antigamente funcionou no local a Casa do Mate, a mais famosa casa de chá que Curitiba já teve.
Em 1950, os cinemas dominavam o setor das diversões públicas. As casas ficavam lotadas nos dias de estreia, que era toda quinta-feira. Nas noites de sábados, o centro da cidade fervia de público em direção aos cines Avenida, Ópera, Palácio, Luz, Ritz, Arlequim e outros no centro da urbe. Antes e após as sessões, a maioria do público passeava pela Rua Quinze de Novembro, no intuito de dar uma espiada nas vitrines das lojas, que estavam sempre muito iluminadas. No domingo, era a vez de a juventude comparecer às matinês e circular entre as frentes dos cinemas, onde os jovens observavam as garotas na tentativa de pelo menos um flerte. Durante as tarde de domingos, tais jovens faziam o footing pela Rua Quinze. E assim o curitibano ia levando sua vida, nos velhos tempos de 1950.
Para que o leitor tire um fiapo da vidinha curitibana em 1950, mostramos algumas fotos que nos remetem ao tempo da primeira vez que teve Copa do Mundo com jogos realizados em Curitiba.
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