Uma das distrações de pessoas mais antigas, para não nominar de velhas, é, de vez em quando, fazer uma viagenzinha aos velhos tempos, através daquelas fotos coladas em álbuns. Na maioria com um monte de gente fazendo poses, as quais pessoas por vezes não temos ideia de quem possam ter sido. Estarão, portanto, fazendo parte de uma multidão de esquecidos, que irão para o limbo da história fazer companhia ao ilustre e sempre homenageado soldado desconhecido.
Mexendo e remexendo nas caixas onde estão depositadas as fotos antigas, que recebi e juntei nos últimos cinquenta anos, vou separando as que ainda não foram devidamente identificadas, no entanto, apresentam extraordinário valor pictórico. Uma dentre quatro e que pertencem a uma trupe de artistas anões oriundos da Alemanha que se apresentaram no antigo Theatro Guayra, da Rua Dr. Murici, na primeira década do século passado.
A Companhia A. Scheuer Liliputienses se apresentava com perto de 25 diminutos artistas. Em sua maioria composta por anões proporcionais, ou seja, sem deformações que caracterizam o nanismo mais conhecido. A grande atração do elenco era exatamente a estatura apoiada por um guarda-roupa rico e sugestivo. Quanto às habilidades artísticas, ficamos sem informações. Comerciantes de antiguidades europeus e americanos, postais da época em que a trupe existia pelo valor de 50 dólares cada um.
Outras fotos vão nos prendendo a atenção, como o escritório da Brazilian Railway & Co. Ltd. a empresa de luz elétrica, força motriz e tranways (bondes) que sucedeu às empresas de José Hauer e Santiago Colle, de energia elétrica e bondes de mulas, respectivamente. A foto é da fachada do escritório na Rua Quinze de Novembro, em 1911.
Surge um carro de bois em primeiro plano. Tendo ao fundo um grupo de casas típicas do Sul do Paraná. Desconheço o local, o que não me agrada. A época em que foi feita dá para calcular entre final da década de 1920 e começo de 1930, em razão dos automóveis que aparecem a distância.
Colonos leiteiros, provavelmente nos anos 20, podendo ter sido fotografados em qualquer das colônias que existiam nos arrabaldes de Curitiba, e, pelo mais sagrado, não me venha alguém dizer que uma das vacas poderia set a Cherry, aquela da lenda de como surgiu o nome do bairro do Bacacheri.
Chamam a atenção duas fotos de festas. Uma delas, feita por volta de 1910, onde aparecem pessoas reunidas em um ambiente de chácara, todos provavelmente da mesma família, cujo tipo físico nos leva a crer serem da colônia alemã. Já a outra é de um piquenique de alunos de Colégio Marista, onde os irmãos aparecem preparando sanduíches de pães franceses com sardinhas enlatadas. Esta foto se identifica como sendo tirada no bairro do Parolin, em 1952.
Termino com uma foto engraçada, feita no campo do Atlético lá pelo final da década de 1940. Nela, vemos um time de pessoas robustas em pose de craques, provavelmente antes do início de um jogo entre gordos e magros. Pena não ter encontrado a foto desses últimos. Entre os gordos aparece Manoel Aranha, na época era presidente do Atlético, e também se destaca a imagem do jornalista José Muggiati Sobrinho.
Nesta página pretendi mostrar, sem maior ênfase, o valor de se anotar nas fotografias o nome das pessoas, a data e que acontecimento está ali registrado. Caso contrário, estarão fadadas a permanecer no limbo da história, enquanto existirem.
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