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Multidão toma conta da Rua XV na chegada do candidato da UDN, brigadeiro Eduardo Gomes |
Multidão toma conta da Rua XV na chegada do candidato da UDN, brigadeiro Eduardo Gomes| Foto:
  • O desfile de calouros da Universidade era um acontecimento que o povo aguardava todo ano no mês de março. Rua XV em 1947
  • Fachada da Livraria Brasil. Estudantes ficavam parados em grupos flertando as mocinhas que passavam. Foto de 1949
  • O povo passeia pela Rua XV em agosto de 1945, após a chegada da FEB
  • Distração dos curitibanos nos domingos e feriados era visitar as vitrines das lojas, tanto de dia como à noite. Rua XV em 1949
  • Prédios da quadra entre as ruas Barão e Presidente Farias, com destaque para o Grande Hotel Moderno. Foto de 1960
  • Rua XV esquina com Marechal Floriano em 1950, com destaque para o ônibus da linha Batel-Alto da XV
  • Fachada da Casa Cristal quando fechou, junto com muitas outras, logo após a instalação do calçadão da Rua XV, em 1972

O curitibano está se tornando cada vez mais um desconhecido na própria cidade. Ele não tem mais aquela curiosidade de ver e ser visto. O povo anda pelo centro num vai e vem automático, e dificilmente dá de frente com alguém que conheça nem que seja de vista. Também, pudera, afinal de contas já somos praticamente dois milhões de indivíduos, quase todos desconhecidos.

Até o final da década de 1960 não era bem assim. A gente se co­­nhecia ainda que apenas de vista. O local para estes encontros era a rua principal onde todo mundo passava e passeava. As lembranças fluem e começa o desfile dos co­­nhecidos daquele passado já distante. Personagens de então, fantasmas de hoje. Por onde andarão as moças catitas vestidas de chita? E a rapaziada folgazã que parava em pontos certos, ou certos pontos, da velha Rua Quinze de No­­vembro? Esvaneceram nestes últimos 40 anos.

A rua foi fechada para os pedestres usarem-na. Sentimos, entretanto, que foi também fechada para o curitibano que ali curtia, ven­­do a vida passar, passando a vida. Quem viveu viu e recorda, com nostalgia, o encanto de quanto era bom ser curitibano nos tempos da velha Quinze.

Foi magia que transformou a nossa rua principal? Para mim, velho curitibano, foi mais é bruxaria. Onde estão os cinemas, as lojas com suas vitrines iluminadas, os bares e restaurantes, as casas de pe­­tiscos, os salões de bilhar, as lo­­jas tradicionais, a Sloper, as lojas de artigos masculinos de camisas finas, chapéus e sapatos de couro? Sa­­patos de couro? Artigo de luxo – hoje a moda são os tênis, importados de preferência. Mulheres vestindo saias, pra quê? Jeans é a moda.

Casa Cristal, Joalheria Kopp, Casa Esmalte, Café Alvorada, Bar Paraná, Hermes Macedo, Casa Otto­­ni, Café Belas Artes, Casa das Meias, Cine Ritz, Cine Broadway, Ca­­sa Ideal, Café Acadêmico, Hotel Oeste, Livraria Brasil, Foto Brasil, Maison Blanche, Chapelaria Kos­­mos, Casa Leutner, Casa Metal, Lou­­vre, Casa Esmalte, Casa Lon­­dres, Roskamp, Confeitaria Come­­ta, Bar e Con­­fei­­taria Pérola, Gran­­de Hotel Mo­­derno, Casa da Man­­teiga. Esta é uma lista que nos vem à lembrança do que existia na Rua XV ainda na década de 1960, claramente incompleta. Muitas fecharam, se mudaram ou faliram.

Vamos recordar um pouco do que era e como era usada a Rua Quinze de Novembro dos velhos tempos, quando ainda não tentaram sacar fora o seu nome tradicional para rebatizá-la como Rua das Flores, que, convenhamos, além de afrescalhado o nome, foi uma tentativa de apagar o passado, chutando que Curitiba teria ali o seu marco zero. História é um abotoado de acontecimentos que ninguém apaga.

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