O curitibano está se tornando cada vez mais um desconhecido na própria cidade. Ele não tem mais aquela curiosidade de ver e ser visto. O povo anda pelo centro num vai e vem automático, e dificilmente dá de frente com alguém que conheça nem que seja de vista. Também, pudera, afinal de contas já somos praticamente dois milhões de indivíduos, quase todos desconhecidos.
Até o final da década de 1960 não era bem assim. A gente se conhecia ainda que apenas de vista. O local para estes encontros era a rua principal onde todo mundo passava e passeava. As lembranças fluem e começa o desfile dos conhecidos daquele passado já distante. Personagens de então, fantasmas de hoje. Por onde andarão as moças catitas vestidas de chita? E a rapaziada folgazã que parava em pontos certos, ou certos pontos, da velha Rua Quinze de Novembro? Esvaneceram nestes últimos 40 anos.
A rua foi fechada para os pedestres usarem-na. Sentimos, entretanto, que foi também fechada para o curitibano que ali curtia, vendo a vida passar, passando a vida. Quem viveu viu e recorda, com nostalgia, o encanto de quanto era bom ser curitibano nos tempos da velha Quinze.
Foi magia que transformou a nossa rua principal? Para mim, velho curitibano, foi mais é bruxaria. Onde estão os cinemas, as lojas com suas vitrines iluminadas, os bares e restaurantes, as casas de petiscos, os salões de bilhar, as lojas tradicionais, a Sloper, as lojas de artigos masculinos de camisas finas, chapéus e sapatos de couro? Sapatos de couro? Artigo de luxo hoje a moda são os tênis, importados de preferência. Mulheres vestindo saias, pra quê? Jeans é a moda.
Casa Cristal, Joalheria Kopp, Casa Esmalte, Café Alvorada, Bar Paraná, Hermes Macedo, Casa Ottoni, Café Belas Artes, Casa das Meias, Cine Ritz, Cine Broadway, Casa Ideal, Café Acadêmico, Hotel Oeste, Livraria Brasil, Foto Brasil, Maison Blanche, Chapelaria Kosmos, Casa Leutner, Casa Metal, Louvre, Casa Esmalte, Casa Londres, Roskamp, Confeitaria Cometa, Bar e Confeitaria Pérola, Grande Hotel Moderno, Casa da Manteiga. Esta é uma lista que nos vem à lembrança do que existia na Rua XV ainda na década de 1960, claramente incompleta. Muitas fecharam, se mudaram ou faliram.
Vamos recordar um pouco do que era e como era usada a Rua Quinze de Novembro dos velhos tempos, quando ainda não tentaram sacar fora o seu nome tradicional para rebatizá-la como Rua das Flores, que, convenhamos, além de afrescalhado o nome, foi uma tentativa de apagar o passado, chutando que Curitiba teria ali o seu marco zero. História é um abotoado de acontecimentos que ninguém apaga.
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