A coisa está esquentando, pegando fogo. Há muitos anos que não se viam movimentos como os que estão ocorrendo no Brasil, contra a corrupção e a displicência dos governos tanto o central como os demais, quer estaduais ou municipais. As multidões sempre encontraram um meio de se juntar, de se aglomerar. No passado as notícias e o boca a boca encarregavamse de amontoar o povão, hoje o sistema de comunicação social pela internet se encarrega de juntar multidões em curto espaço de tempo e, frise-se, no mundo inteiro.
Os movimentos populares em Curitiba, com conotação política, de revolta, de irreverência, e quando até mesmo os religiosos tinham de ser adrede preparados, com um bom espaço de tempo para comunicar; hoje não. Num vapt-vupt, milhares de pessoas estão nas ruas e em praça públicas reclamando e reivindicando. E isso não precisa ser motivado pelas mídias jornalísticas, que agora se dedicam a noticiar e comentar os fatos ocorridos.
A classe estudantil que, antigamente, sempre foi o baluarte que tomava a dianteira de tais movimentos quer reivindicatórios ou de denúncias estava calada há muito tempo. Agora acordou, erguendo como cavalo de batalha o custo das passagens dos transportes coletivos. Foi a gota dágua que estava faltando. No andar das passeatas, surgiram todas as mazelas governamentais que estavam entaladas na garganta do povo, até então pacato.
As ruas se encheram, outra vez, de jovens que revivem os pôsteres que desfilaram na principal artéria da cidade, a Rua 15 de Novembro, quando calouros da nossa primeira Universidade, todos os anos, mostraram a sua consciência sobre o que acontecia na política e na sociedade. Tais desfiles de calouros eram o pavor dos espertalhões que se locupletavam das coisas públicas. Outras passeatas avulsas eram feitas contra situações como as guerras, pena de morte e demais problemas sociais.
É claro que outros tipos de desfiles existiam sem caráter reivindicatório, como procissões, desfile obrigatório de operários durante a ditadura do Estado Novo, assim como a famosa Marcha da Família com Deus pela Democracia e pela Liberdade, ocorrida em junho de 1964, com a participação das ligas femininas da cidade, em favor da revolução militar. Onde estarão aquelas circunspectas e piedosas senhoras? Estavam equivocadas?
Da mesma maneira que corajosos estudantes que, mudos, em passeata pela Rua Quinze carregavam cartazes contra a Revolução de 1964, inclusive cobrando os desmandos praticados contra a classe. Estarão sendo redivivos pelos colegiais e universitários atuais? Arriscando o pescoço nas reações da polícia? Uma coisa importante acontece: partidos políticos, e a CUT assim como o MST, não estão tendo vez para se infiltrar em meio dos protestos. Alguns baderneiros e aproveitadores estão tentando tirar proveito, mas também estão sendo execrados.
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