Avenida João Pessoa, atual Luiz Xavier, em 1941, quando eram retirados os trilhos dos bondes. Na foto, dois ônibus da linha Alto da XV e, no Cine Avenida, passava E o Vento Levou| Foto: Acervo Cid Destefani
No final da década de 1940, surgiram diversas lotações que transpor-tavam os passageiros nos mais estranhos veículos, como essefordecona Avenida João Pessoa
As filas surgiram em Curitiba no início da década de 1940. Seguindo exemplo de Porto Alegre, onde eram chamadas de bichas. Serviram para botar ordem no atendimento ao povo
Em 1934, bondes lotados noempurra-empurrapara pegar lugar no Dia de Finados, ao lado do Cemitério Municipal. Tal confusão somente foi terminar no início dos anos 40
Avenida Luiz Xavier, ainda não era João Pessoa, com tráfego de bondes para os bairros do Batel e Seminário. Foto de 1930
Bonde circulando, em seus últimos dias, pela Avenida João Pessoa em 1939. A partir do ano seguinte, circularia pela Rua Emiliano Perneta, com destino ao Batel
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Existem vários ditos populares que têm como a figura central o galo; isso mesmo, galináceo chamado de rei do terreiro. Cozinhando o galo em água fria: quando alguém fica protelando alguma coisa, fazendo o tempo passar. Onde galo canta não canta galinha: ao se referir que em casa o mandachuva é o homem. Por que quando o galo canta fecha os olhos? Pegadinha cuja resposta é: porque sabe a música de cor. Ouviu o galo cantar, mas não sabe em que terreiro: quando alguém se atrapalha ou se enrola ao querer relatar um fato que mal conhece.

E assim vão surgindo histórias com frases onde o chante-clair aparece como figura comparativa a certas atitudes das pessoas. No momento, com os acontecimentos que vieram à baila com a revolta pacífica das passeatas, e até mesmo com os atos de vandalismos, muitos políticos tentaram sair na frente como pronto-atendentes do clamor popular. Bem do tipo que diz: "Foi sempre isso que eu almejei para o povo!" Tentando aproveitar uma coisa que o povo não tem mais: crença nas ditas ­boas intenções desse pessoal.

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Acabou aquela pose, aquela empáfia do galo da fábula que acreditava ser ele que fazia surgir o dia, que o sol só nascia quando ele cantava. O povão resolveu cozinhar a galarada velha em água quente e, para tanto, não usou muita coisa, ­alguns centavos de acréscimo nas passagens dos coletivos serviram como combustível para ferver a grande panela, que, para a turma de Brasília, não está nada canja para resolver. Sopa onde estão sendo escaldados outros garnisés estaduais.

Aflorou tudo de uma vez. Com dez centavos, ou um pouco mais, o povão mostrou, pelas ruas do país inteiro, que não vive só do direito de ir e vir. Para viver bem precisa ter saúde, ter instrução, ser alfabetizado, precisa de justiça e necessita, principalmente, acabar com a corrupção implantada pelos galos velhos, que acreditam poder continuar enganando o eleitorado com os seus cocoricós desafinados, achando que ainda são os reis do terreiro. Acabou a tal conversa para boi dormir.

Deu vontade de pedir a colaboração do Paixão, o nosso chargista-mor, para que, com o seu traço inconfundível, ilustrasse esta página com figuras de galos, raposas e gatos. O que não seria coerente com a Nostalgia. Ficamos esperando que chegue o próximo ano e que, depois da milionária festa da Copa do Mundo, venha o dia das eleições e que esse seja como um Sábado de Aleluia, daqueles de antigamente quando era malhada e queimada, por todos os rincões, a figura do Judas o traidor.

Ilustramos a página deste domingo com fotos antigas nas quais os transportes coletivos estão em destaque. Se eram bons tempos ou não, fica por conta de quem viveu ou então pela imaginação de quem não os conheceu.

N.R.: Na Nostalgia de domingo passado apontamos que aconteceu a Marcha da Família com Deus pela Democracia e pela Liberdade em junho de 1964. Aqui em Curitiba ela ocorreu em 29 de março, abaixo de chuva, com o nome de Marcha a Favor do Ensino Livre. Fica o registro certo.

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