O tempo passa e o morador da cidade muitas vezes não chega a acompanhar as mudanças que ocorrem na paisagem urbana. Quantas vezes nos admiramos com o desaparecimento de alguma coisa que conhecíamos, em seu lugar surgindo uma nova praça ou um edifício agigantado. É a hora do espanto nos mostrando o tempo que vai engolindo tudo, com as novidades surgindo sem nos darmos conta.
O cidadão muitas vezes julga os prefeitos com os quais conviveu, valorizando a seu critério as qualidades de cada um. O prefeito tal foi o melhor por ter executado tais obras, ou então por ter exigido o cumprimento das posturas urbanas. A geração atual, que convive com os acontecimentos na cidade desde a década de 1960, hoje toda de sexagenários, lembra das obras efetuadas por Ivo Arzua, incluindo os alargamentos executados em ruas centrais. Depois vem o Lerner, que marcou sua gestão com trabalhos executados na urbanização de Curitiba, no período do governo militar, usando e muito bem as verbas a fundo perdido. No seu governo o Ippuc, criado por Arzua, deslanchou com projetos dos arquitetos da equipe Lerner. Teria sido ele o nosso melhor prefeito?
Para se ter uma resposta, temos de usar comparações. Para tal vamos dar um pulo até a gestão ocorrida entre 1912 e 1916. O prefeito nomeado pelo então presidente do Paraná, Carlos Cavalcanti, foi o engenheiro Cândido de Abreu. Nesse período, o surto de melhoramentos que passou por Curitiba foi algo fenomenal. Para administrar suas obras, Cândido de Abreu criou a Companhia de Melhoramentos de Curitiba, composta por uma plêiade de técnicos que ajudaram a dar uma cara moderna à cidade. Fazia parte do grupo o engenheiro Eduardo Fernando Chaves, responsável por inúmeros projetos particulares, inclusive o do Castelo do Batel.
Durante o tempo que Cândido de Abreu foi prefeito foram construídas as praças Carlos Gomes e Eufrásio Correia e reformadas as praças Tiradentes e Osório. Foi comprado o primeiro automóvel para uso como carro oficial, assim como os primeiros caminhões que rodaram em Curitiba executando trabalhos da prefeitura. Aconteceu a instalação dos bondes elétricos, em janeiro de 1913. Foi construído o depósito de combustíveis e explosivos no Guabirotuba, hoje usado pelo Teatro Paiol. O Passeio Público passou por uma monumental obra com melhoramentos que permanecem até a atualidade. Foi construído o edifício-sede da prefeitura na Praça Generoso Marques, obra que Cândido de Abreu não chegou a inaugurar por ter findado o seu mandato como prefeito.
Em sua gestão foram projetadas e abertas avenidas como a Sete de Setembro, Iguaçu, Silva Jardim, Visconde de Guarapuava e outras de menor envergadura. Instalaram-se os coretos do Passeio Público, Praça Tiradentes e Praça Osório; assim como vários adornos em ferro fundido, como as sereias do repuxo da Osório ou as obras de arte imitando troncos de madeira no lago da Carlos Gomes e na cerca do Passeio Público.
Se analisarmos as circunstâncias ocorridas nas gestões dos mais diversos prefeitos que governaram Curitiba, acredito que podemos afirmar que todos de alguma maneira deixaram marcas de suas passagens, sendo algumas notáveis como as executadas por Cândido de Abreu.
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