"Ele sempre foi um adolescente muito ausente", diz irmão do atirador
O irmão do atirador mostrou fotos antigas. Wellington era o caçula, e foi adotado ainda bebê. Segundo o irmão, a mãe biológica de Wellington tinha problemas mentais. "Ela tentou o suicídio, e mesmo depois que o Wellington nasceu, ela apresentou alguns problemas mentais", contou.
Leia a carta do atirador
Na carta encontrada, Wellington Menezes de Oliveira fala de questões religiosas e dá indícios de que o ataque foi premeditado, além de pedir perdão pelo crime.
Dilma chora, pede um minuto de silêncio e decreta luto de três dias pela tragédia
A presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias pela tragédia ocorrida em uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro, onde 11 crianças foram mortas por um atirador. O episódio emocionou a presidente, que um pouco mais cedo encerrou uma cerimônia no Palácio do Planalto pedindo um minuto de silêncio em respeito às vítimas.
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Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, responsável pelo ataque à Escola Municipal Tasso de Oliveira, nesta quinta-feira (7), em Realengo, na Zona Oeste do Rio, teve a casa toda periciada com a ajuda de dois irmãos dele. O computador do jovem, principal peça de investigação, foi encontrado queimado. Segundo a polícia, ele tentou apagar as pistas.
A perícia realizada nesta tarde achou a casa totalmente destruída: móveis e eletrodomésticos foram quebrados. A casa fica perto da escola.
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Governador chama sargento de herói
Se chegasse antes poderia evitar muita coisa, diz policial
Veja as fotos da movimentação na escola após a tragédia
Veja a linha do tempo sobre o ataque à escola
Nos arquivos da polícia, não há nenhuma queixa contra Wellington. Os investigadores querem saber como um rapaz sem antecedentes criminais sabia manusear as armas. Ele usou dois revólveres: um de calibre 38 e outro de calibre 32 e estava com muita munição num cinturão. Ele usava um equipamento chamado de "speedloader", um dispositivo que ajudava a recarregar as armas rapidamente, de uma vez só.
A polícia está tentando descobrir como Wellington conseguiu as armas. O revólver 38 está com a numeração raspada, o que dificulta o rastreamento. Os investigadores localizaram a origem da outra arma, de calibre 32. O dono dela já morreu. O filho dele prestou depoimento e disse que o revólver tinha sido roubado há quase 18 anos.
A Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro informou, na noite desta quinta-feira (7), que o número de crianças mortas no ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira subiu para 12, sendo 10 meninas e dois meninos. Ainda de acordo com a Secretaria, 11 crianças permanecem internadas em seis hospitais.
A Polícia Civil divulgou durante a tarde o nome das vítimas do ataque. Wellington Menezes de Oliveira atirou contra alunos em salas de aula lotadas, foi atingido por um policial e se suicidou. O crime ocorreu por volta das 8h30.
Veja a lista das vítimas:
1- Karine Chagas de Oliveira, 14 anos2- Rafael Pereira da Silva, 14 anos3- Milena dos Santos Nascimento, 14 anos4- Mariana Rocha de Souza, 12 anos5- Larissa dos Santos Atanázio, (aguardando documento)6- Bianca Rocha Tavares, 13 anos7- Luiza Paula da Silveira, 14 anos8- Laryssa Silva Martins, 13 anos9- Géssica Guedes Pereira (aguardando documento)10- Samira Pires Ribeiro, 13 anos11- Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos12- Igor Moraes da Silva, 13 anos
Wellington Menezes de Oliveira invadiu a escola e, com duas armas, efetuou vários disparos contra alunos, professores e funcionários. Treze pessoas morreram, entre elas dez meninas, dois meninos e o próprio atirador. Também há 11 feridos, a maioria dos feridos atingida no tórax e na cabeça. Em carta, o criminoso fala em "perdão de Deus" e dá indícios de que o ataque foi premeditado.
Segundo um funcionário, o homem entrou em uma turma de 8.ª série, no segundo andar, com cerca de 40 alunos em sala. Ele teria afirmado que faria uma palestra, mas daí sacou a arma e disparou contra as crianças. Quando percebeu que havia polícia no local, o atirador tentou fugir, trocou tiros com a PM, foi baleado na perna e acabou se matando.
O governo do Rio de Janeiro informou que havia aproximadamente 400 alunos na escola no momento do atentado. A escola tem 14 turmas no período da manhã, de 1ª à 8ª série. Os estudantes têm entre 9 e 14 anos.
A presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias pela tragédia ocorrida na escola. O episódio emocionou a presidente, que um pouco mais cedo encerrou uma cerimônia no Palácio do Planalto pedindo um minuto de silêncio em respeito às vítimas. Já o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, decretaram luto de sete dias no Estado.
Segundo a polícia, o autor dos disparos, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, seria um ex-aluno da escola. Ele deixou uma carta dizendo que queria se suicidar.
Inicialmente, foi divulgado que o atirador seria portador do vírus HIV e que teria deixado isso escrito em sua carta. A informação foi desmentida posteriormente.
Wellington nunca apresentou problemas no colégio. Ele cursou o ensino fundamental de 1999 a 2002. De acordo com a Secretaria de Educação, era bom estudante e nunca repetiu de ano. Também não há registros de mau comportamento na sala de aula.
Wellington era filho adotivo, caçula de cinco irmãos. O pai morreu há cinco anos e a mãe, há dois anos. Em 2008, ele trabalhou no almoxarifado de uma fábrica de salsichas. O jovem pediu demissão em agosto do ano passado. Segundo funcionários, ele era um jovem de poucas palavras.
O rapaz, considerado estranho pelos vizinhos, morou com a família em uma casa, na mesma rua da escola, cenário do massacre.
"Sempre tímido, aquele mesmo comportamento calado, nunca foi de ter amizade. Uma vez ou outra jogava bola aqui, mas era muito difícil. De uns tempos para cá nem isso", contou a vizinha Vanessa Nascimento.
"Ele saía e não falava com ninguém: era de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Não falava com ninguém. Era ele no mundo dele", relatou outra vizinha.
"Só curtia internet, como falava. Ele ficava só na internet, mais nada", comentou o vizinho Fábio dos Santos.
Há 8 meses, Wellington se mudou para outra casa, em Sepetiba, também na Zona Oeste do Rio. O imóvel foi herança do pai.
Segundo os vizinhos, desde que se mudou para o local, Wellington nunca foi visto com amigos ou namoradas. Ele andava sempre de cabeça baixa, mal cumprimentava as pessoas e chamava atenção por uma barba enorme que raspou há cinco dias. Os vizinhos também contam que ele seguia uma rotina de segunda a segunda: saía cedo de casa, voltava no fim da tarde, comprava um refrigerante numa mercearia e entrava pelo portão para ficar a noite no computador.
Um comerciante, que conhece a família há muito tempo, diz que apesar do temperamento fechado, Wellington nunca demonstrou agressividade. "Nunca vi comportamento nenhum irregular, entendeu. Nunca vi", disse Marcos Alves.
A última vez que ele foi visto na rua foi há dois dias.
O tiroteio durou em torno de 20 minutos, segundo um morador de Realengo. Doze alunos morreram e há ainda 11 feridos graves, inclusive com tiros na cabeça. Helicópteros ajudaram no resgate.
Durante o tiroteio, os funcionários trancaram as crianças de outras turmas nas salas de aula para protegê-las do atirador.
De acordo com o coronel Djalma Beltrame, comandante do 14º BPM (Bangu), em entrevista à Globo News, a rápida ação da polícia - que participava de uma ação nas proximidades da escola - impediu que a tragédia fosse ainda maior. "Ainda havia bastante munição com o atirador para ser disparada", disse. Os policiais participavam de uma ação junto com o Departamento de Transporte Rodoviário (Detro) de combate ao transporte clandestino na região. Foi um aluno baleado no rosto, segundo o site do O Globo, que chegou pedindo ajuda.
No Hospital Albert Schweitzer, foi montada uma sala para receber parentes de vítimas que chegam ao local em estado de choque. Trinta familiares foram atendidas no hospital.
Os feridos em estado grave foram transferidos por helicóptero para o Hospital Sousa Aguiar.
Duas irmãs gêmeas, Brenda e Biana Rocha Tavares, de 13 anos, foram atingidas pelos disparos. Bianca não resistiu aos ferimentos na cabeça e morreu. Brenda, que foi alvejada nos braços e foi operada.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), chamou de "herói" o sargento da Polícia Militar que trocou tiros com o invasor que abriu fogo na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo. Segundo Cabral, o sargento Alves impediu um massacre maior ao atingir a perna do atirador, que depois teria se matado. Cabral ainda referiu-se ao atirador como "psicopata" e "animal".
O governador prestou solidariedade às famílias das vítimas da tragédia que ocorreu nesta manhã. Ele deu a declaração na quadra de esportes da escola, ao lado do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e também informou que já falou com a presidente Dilma Rousseff a respeito do episódio. Paes acrescentou que a escola não será fechada, mas que as aulas estão suspensas.
Se chegasse antes poderia evitar muita coisa, diz policial
O policial que interrompeu o ataque de um homem armado a uma escola lamentou não ter chegado minutos antes ao local na zona oeste do Rio de Janeiro para evitar a tragédia desta quinta-feira.
O sargento Márcio Alves, de 38 anos, há 18 na corporação, estava a duas quadras da escola em Realengo, em uma operação do Departamento de Trânsito, quando foi chamado por dois alunos feridos que conseguiram fugir do ataque à escola.
O policial acertou um tiro no autor dos disparos no momento em que ele se preparava para atirar em mais estudantes. O homem se matou com o tiro na cabeça depois de ser atingido, segundo a polícia.
"Sinto tristeza por essas crianças, tenho filhos, mas também tenho um sentimento de dever cumprido. A tristeza não vai sair fácil da nossa memória, mas cumpri a minha parte. Se eu tivesse chegado cinco minutos antes, talvez tivesse evitado muita coisa", disse Alves.
"Um aluno baleado solicitou socorro. Encontrei o matador no segundo andar e quando ele saía de uma sala atirei. Ele foi atingido, caiu na escada, e cometeu o suicídio", acrescentou.
O sargento, que foi descrito como "herói" pelo governador Sérgio Cabral, afirmou que não consegue esquecer os momentos de terror logo que chegou ao local. "Era muito sangue, gritaria e a maioria dos tiros foi na cabeça (dos estudantes)", disse.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) condenou com veemência o crime ocorrido no Rio. A notícia do atirador que atacou os estudantes do colégio onde estudou virou destaque na versão online de vários jornais no exterior, como o argentino La Nación, o espanhol El País, o britânico The Guardian e até na rede de televisão Al Jazeera.
Na rede social do Twitter, a Unesco Brasil repudiou o crime. "A Unesco repudia ataques à escola do Rio e se solidariza com as famílias. A escola deve ser um lugar para reconstruir a paz e a cultura". O assunto está entre o dez mais comentados no Twitter.
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