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CARNAVAL 2017

Crise aperta e prefeituras reduzem (ou cancelam) investimentos no carnaval em todo o Paraná

 | Antônio More/Gazeta do Povo/Arquivo
(Foto: Antônio More/Gazeta do Povo/Arquivo)

Com a evidente crise econômica pela qual passam estados e municípios, as festas de carnaval em 2017 devem ser bem menores – e algumas vão acabar nem acontecendo. Pelo menos quatro municípios paranaenses cancelaram a verba para desfiles de rua do carnaval deste ano. As prefeituras de Ponta Grossa, Irati, Foz do Iguaçu e Londrina dizem estar fazendo contenção de gastos e não subsidiarão os desfiles. Já em municípios como Curitiba, Tibagi e Antonina, a festa deve ser menor e o orçamento enxuto, mas ainda assim devem fazer a alegria dos foliões.

Em Ponta Grossa, a suspensão do repasse para o desfile foi anunciada em 20 de janeiro. Segundo o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Fernando Durante, o município não tem uma situação financeira favorável. No ano passado, foram gastos R$ 202 mil na festa de carnaval. “A estimativa para este ano seria de um pouco mais que isso, por volta dos R$ 230 mil”, explica. O valor inclui o repasse para as escolas de samba, montagem da estrutura, pagamento de horas extras de funcionários, premiação da rainha do carnaval e sonorização, por exemplo. No entanto, a gestão municipal vai dar apoio institucional a outros eventos no carnaval.

Segundo o presidente da Fundação, o repasse disponível para as escolas de samba neste ano seria de R$ 10 mil. Por outro lado, as escolas de samba pediam R$ 60 mil – o que, segundo os artistas, ainda é um valor limitado para que todos executassem seu trabalho.

Irati, na região Centro-Sul do estado, também anunciou o cancelamento do carnaval de rua deste ano. Em nota, a prefeitura informou que é uma “medida de contenção de despesas”. “ Devido à situação econômica de todo o país, o município decidiu priorizar outros atendimentos, como a saúde e a adequação de ruas e estradas do interior”, diz o texto.

Em Foz do Iguaçu, no Oeste, a prefeitura vai manter apenas o Carnaval da Saudade em 2017 – um baile destinado a crianças, famílias e blocos populares. O desfile das escolas de samba não será realizado pelo segundo ano consecutivo. Além do corte de gastos e reequilíbrio das contas, a decisão considera a reorganização de toda a estrutura da gestão municipal, já que os servidores “herdaram” uma prefeitura em situação delicada, segundo a diretora interina da Fundação Cultural, Vera Vieira. “A cidade está passando por um momento conturbado da política, e no final da gestão as equipes de orçamento estavam desestruturadas. Pegamos uma secretaria sem planejamento, com orçamento bem reduzido, sem calendário de eventos pronto”, diz.

Nomeada no fim de janeiro, a diretora explica que ainda precisou formar uma equipe e a pasta ficou sem tempo hábil para fazer as licitações necessárias para uma festa de maior porte. No ano passado, segundo ela, o gasto com a festa de carnaval ficou em aproximadamente R$ 890 mil. Em 2017, o Carnaval da Saudade deve custar R$ 50 mil.

Em Londrina, no Norte, também não haverá repasse para as escolas de samba realizarem o desfile. Outra parte das atividades de carnaval seria financiada pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura. Esse edital, porém, foi cancelado, conforme a Secretaria Municipal de Cultura anunciou na segunda-feira (20). Segundo a gestão municipal, a seleção pública de projetos não seguiu a Legislação Federal.

Alternativa

Mesmo sem o subsídio público e endividadas, três escolas de samba de Ponta Grossa vão desfilar no próximo sábado (25). É o que garante a Liga Cultural das Organizações Carnavalescas da cidade. O presidente da entidade, Antônio Francisco Gomes da Silva, conta que o grupo teve várias reuniões com a prefeitura no ano passado, em que houve comprometimento com o repasse de verba para as escolas de samba. “Então, em novembro, fomos às compras. Cada escola gastou aproximadamente R$ 5 mil”. Sem o repasse, esse gasto deixou as escolas com dívidas.

Águia de Ouro, Ases da Vila e Globo de Cristal querem fazer um desfile com formato de blocos, já que não conseguiram montar carros alegóricos. “Cada escola vai sair com o que tem, em respeito ao público”, diz Silva. Segundo ele, anualmente 30 mil pessoas prestigiam os desfiles na Avenida Vicente Machado, no centro da cidade. “Em outras gestões, já tivemos repasse de R$ 140 mil. Agora, estávamos recebendo R$ 60 mil”, diz. Com o dinheiro, as escolas organizam o desfile, pagam costureiras, o transporte do pessoal que trabalha no evento, entre outras despesas.

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