A médica cubana que abandonou o programa Mais Médicos nesta semana, Ramona Rodriguez, informou nesta quinta-feira (6) que já se preparava para trabalhar no Brasil desde o fim de 2012, quando o governo cubano divulgou o programa brasileiro no país. No entanto, a presidente Dilma Rousseff só anunciou o Mais Médicos cerca de seis meses depois.
A médica informou que fez dois cursos de preparação. O primeiro, de português, foi realizado em novembro de 2012. O segundo foi cursado em fevereiro de 2013. Era um curso de preparação para colaboração com o Brasil, tendo sido aprovada com a avaliação "bom". O curso teve duração de 224 horas. Segundo Ramona, um brasileiro foi enviado a Cuba para ministrar um curso.
No início da discussão sobre o programa Mais Médicos, o governo brasileiro negou que a intenção seria priorizar a vinda de profissionais cubanos para atuar no interior do país. A medida provisória que criou o programa foi editada em julho do ano passado e só foi aprovada pelo Congresso em setembro.
Ramona contou que o governo cubano, por meio do Ministério da Saúde Pública do país, fez o convite para o trabalho em 2012, mas só informou as condições e o salário apenas três dias antes do embarque dela e de outros profissionais para o Brasil. "Eles diziam que não tinham autorização para falar sobre isso [pagamentos]", disse.
Segundo a médica, o contrato com as condições de pagamento e regras para o trabalho só foi apresentado na véspera do embarque, em 27 de setembro do ano passado. Nenhum outro documento sobre o Mais Médicos foi apresentado aos profissionais. "Não temos internet em Cuba. O governo vendia o programa como algo muito interessante, mas depois ficamos sabendo que o interessante não era para nós", afirmou.
Sua fala é uma referência aos valores repassados aos médicos cubanos que recebem US$ 400 por mês no Brasil e outros US$ 600 são depositados em uma conta em Cuba. Este valor só poderá ser sacado quando os profissionais retornarem ao país. No entanto, profissionais de outros países recebem um salário de R$ 10 mil.
O contrato de trabalho foi assinado com a Sociedade Mercantil Comercializadora de Serviços de Médicos Cubano. No entanto, a vinda dos médicos cubanos para o Brasil é intermediada pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), que recebe os recursos do governo brasileiro e os transfere para Cuba mensalmente. Além de R$ 10 mil por médico, também há o pagamento de outros gastos a Opas, incluindo taxa de administração.
Ramona abandonou o Mais Médicos por se sentir enganada pelo governo cubano. Clínica-geral, ela chegou ao país em outubro e atuava na cidade de Pacajá, no Pará. Ela diz ter decidido deixar o Mais Médicos após descobrir que o valor de R$ 10 mil pago pelo governo brasileiro a outros médicos estrangeiros era muito superior ao que ela recebia pelos serviços.
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