O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) comparou na noite desta quarta-feira (1) o presidente da Câmara, o correligionário Eduardo Cunha (RJ), a um “ditador” e insinuou que a inclusão de “jabutis” – matérias estranhas ao texto original de uma medida provisória – teria motivos ocultos. “O que acontece na Câmara não me causa nenhum espanto. Esses jabutis não são gratuitos na extensão do termo”, afirmou Jader, em discurso no Senado.
Ex-presidente do PMDB e do Congresso, Jader disse que vai ter de dar “razão ao doutor Janot” – em uma referência ao procurador-geral da República. Rodrigo Janot tem sido alvo de críticas de Cunha porque tem comandado uma investigação contra o presidente da Câmara relativa a suposto envolvimento do parlamentar nos fatos apurados pela Operação Lava Jato.
Não é a primeira vez que o senador do PMDB critica o uso dos “jabutis”. Há pouco mais de um mês, Jader criticou a inclusão de matérias estranhas na Medida Provisória 668, que tratava, originalmente, apenas do aumento das alíquotas de PIS/Pasep e Cofins de produtos importados.
A maior reclamação de Jader foi o “jabuti” incluído pela Câmara na MP que prevê a construção, por meio de uma parceria público-privada, de um shopping para atender o Legislativo ao custo de R$ 1 bilhão.
“Só vai faltar aqui - me desculpem senadores - uma medida provisória para construir um motel”, afirmou. “Não vou ficar aqui assistindo ao outro lado fazendo negociata. O Senado não é um órgão para ser avacalhado”, disse Barbalho, que, na década passada, renunciou à presidência do Senado e ao mandato de senador na esteira de um escândalo de corrupção.
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