Mesmo com notificação judicial de que 40% dos trabalhadores deveriam voltar aos trabalhos de limpeza pública, Curitiba continuará sem coleta de lixo. A expectativa da prefeitura era de que os trabalhadores voltariam para as ruas a partir das 18 horas desta quarta-feira (18). A informação chegou a ser confirmada pela assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba e pela Cavo, empresa responsável pela limpeza. No entanto, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Paraná (Sitro), que representa os motoristas dos caminhões de lixo, e o Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação de Curitiba (Siemaco) decidiram não cumprir a determinação.
No final da tarde desta quarta o Siemaco chegou a anunciar que o mínimo de 40% seria cumprido. No entanto, os motoristas votaram em assembleia no início da noite que não cumpririam a decisão. Da mesma forma, os coletores, que são ligados ao Siemaco, fizeram nova assembleia no período noturno e optaram por não acatar a decisão. A situação só será definida em audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) nesta quinta-feira.
População fica na incerteza
- Rodrigo Batista
A população já sente o efeito do lixo acumulado. Para o administrador Júlio César Gionedis, que cuida de um estabelecimento comercial na Rua Comendador Araújo, centro de Curitiba, fica difícil manter o lixo dentro do comércio de alimentos. “Acho que a prefeitura deveria negociar melhor essa situação”, afirma. Ele diz que tenta deixar os resíduos em local de pouca circulação de pessoas.
Dono de um restaurante na Alameda Doutor Carlos de Carvalho, Francisco Neves reconhece a legitimidade da greve, mas espera pelo cumprimento dos 40% de efetivo. “Colocamos o lixo na rua pensando que passaria o caminhão, mas isso não aconteceu. Agora estamos pensando em contratar alguma empresa para tirar o lixo daqui”, diz, sobre os sacos acumulados na calçada.
Determinação
Conforme informou a assessoria de imprensa da prefeitura, os sindicatos que representam os trabalhadores da limpeza pública foram notificados no final da manhã de quarta-feira. Na sequência, segundo a prefeitura, as escalas de trabalho foram repassadas à Cavo, além dos roteiros que deveriam cumprir na coleta seletiva. A informação passada pela empresa para a prefeitura foi de que no final da tarde a coleta começaria respeitando os 40% de efetivo. Os sindicatos, porém, resolveram não atender a decisão, que prevê multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento.
A prefeitura informou ainda não ter contabilizado o lixo acumulado nas ruas, mas informa que a região central da capital é uma das mais afetadas. Mesmo assim, não haverá, segundo a prefeitura, um atendimento prioritário a qualquer região da cidade.
A Cavo informou, via assessoria de imprensa, que vai entrar com um interdito proibitório até a manhã desta quinta-feira (19) no TRT-PR contra os sindicatos para impedir que os grevistas barrem a saída de veículos da empresa.
A greve começou na terça-feira (17), por causa do impasse no reajuste salarial. Os trabalhadores pedem 20% nos vencimentos e 30% a mais nos vales alimentação e refeição, enquanto a empresa oferece 9% sobre os salários e 10% para os benefícios. Os sindicatos não aceitaram uma proposta do Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) de 9,7% de aumento salarial - 7,7% da inflação e 2% de ganho real - e 16,4% de reajuste nos benefícios.
Secretário de governo da prefeitura critica decisão sindical
- Rodrigo Batista
O secretário de governo da prefeitura de Curitiba, Ricardo Mac Donald Ghisi, diz que o poder público vai aumentar o número de caminhões nas ruas e está pedindo apoio de empresas particulares que prestam serviços para a prefeitura a fim de reforçar a limpeza pública emergencial. Ghisi criticou os sindicatos e pediu que a Justiça do Trabalho tome medidas para o cumprimento da determinação.
Segundo o secretário, o poder público também solicita a ajuda do Exército para recolher o lixo acumulado nas ruas. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente diz que só terá o número de novos caminhões nas ruas a partir da manhã de quinta-feira (19).
Ghisi criticou a atitude do sindicato e afirma que a prefeitura tem se esforçado para negociar um reajuste acima da inflação com os trabalhadores e a empresa. “O fato de eles não cumprirem com o mínimo necessário representa desrespeito das leis, desrespeito da decisão judicial e falta de preocupação com a população”.
Ele diz que Curitiba possui um dos salários mais altos da categoria de limpeza pública do Brasil. Ghisi fala ainda da questão de crise econômica pela qual passam “os poderes públicos federal, estadual e municipal”, com inflação acumulada de 7,7%, o que dificulta avanços maiores de aumento salarial. “Esperamos agora que os juízes além de aumentarem a multa, façam cumprir a decisão e que, no momento em que os sindicatos peçam o perdão da multa por descumprimento, que isso não seja perdoado”, enfatiza o secretário.
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