Cinquenta e dois por cento dos curitibanos que responderam à pesquisa “Humanização das Cidades” acreditam que a capital do Paraná já está na metade do caminho para se tornar uma cidade ideal – um município próspero –, onde o meio ambiente é conservado e as pessoas são consideradas prioridade. Entre os dados que mais chamam atenção no levantamento está o porcentual de curitibanos – 69% – que afirmam que o transporte público é o meio ideal na cidade do futuro.
A pesquisa de mobilidade urbana foi desenvolvida pela Liberty Seguros, em parceria com o Instituto Teor Marketing. O levantamento propõe uma análise da relação dos habitantes com suas cidades sobre aspectos que têm ligação com a sustentabilidade – economia, meio ambiente e sociedade. Ao todo, foram entrevistados mil moradores de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre. A coleta das informações ocorreu por smartphone, por meio de uma base de contatos, e contou com entrevistados de ambos os sexos e das classes A, B1, B2 e C1. Após a parte quantitativa, o levantamento foi consolidado com entrevistas qualitativas, realizadas pela equipe do projeto.
Mas a realidade dos números do transporte coletivo de Curitiba entra em conflito com a pesquisa. No levantamento, 21% dos entrevistados afirmam que migraram para o transporte público e 57% usam veículos próprios para trabalhar. Já os números da Urbs, responsável pelo sistema de transporte coletivo na cidade, mostram que a realidade pode ser diferente. Os ônibus transportaram 18,29% menos passageiros em 2015 do que em 2000 na capital.
No ano passado, o sistema também conduziu menos de 500 milhões de passageiros pela primeira vez, desde o ano de 2004. Por outro lado, a frota curitibana de veículos cresceu 92,61% para automóveis e 242,67% para motos nos últimos 15 anos, segundo dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR).
Lazer e comércio
Trinta e seis por cento dos entrevistados afirmaram passar momentos de lazer em ambientes abertos, como parques e praças. A taxa é maior do que a encontrada no Rio de Janeiro, com 31%. No quesito moradia, 38% dos curitibanos moram afastados do local de trabalho, mas em casas espaçosas. Treze por cento acreditam morar no local ideal na cidade.
“As grandes cidades têm questões parecidas e poucas variações. Mas um contraste interessante é que as pessoas em Curitiba declararam ter horários mais flexíveis no trabalho do que em outras capitais. São 27% contra 18% em São Paulo”, comenta o superintendente de Inteligência de Marketing e Inovação da Liberty Seguros, José Mello.
Na avaliação dele, o que se observa na capital paranaense é a ideia de uma cidade mais humana e aberta. Os moradores, salienta, demonstram interesse de ver Curitiba resgatar a imagem de cidade modelo que um dia já teve. “Eles acham que, ao longo dos anos, a cidade foi perdendo isso. Mesmo assim, quando olhamos o que a cidade é e o que almeja ser, a diferença não é tão grande. Isso não acontece, por exemplo, em Salvador”, pontua Mello.
Metade dos entrevistados também apontou que o local ideal para fazer as compras em Curitiba é no comércio local – a maioria das outras cidades pesquisadas optam pelas compras online. Quando o assunto são os hábitos de consumo do morador, no entanto, o levantamento é próximo da conjuntura atual, avalia o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antônio Miguel Espolador Neto. Ele sustenta que os consumidores de Curitiba estão comprando cada vez mais nos bairros. “As pessoas estão saindo menos dos bairros e o comércio nestes locais está se tornando independente. Isso é bom porque desafoga o centro e ajuda a melhorar o trânsito”, analisa.
O resultado da pesquisa, acrescenta o empresário, reflete o trabalho desenvolvido pela entidade nos últimos dois anos, cujo foco tem sido em pequenas e microempresas. “Sabemos da importância destes comércios e mais do que nunca eles precisam de apoio”, pontua Espolador.
Protagonismo
Em Curitiba, 98% dos entrevistados afirmaram realizar algum tipo de ação sustentável em casa ou no trabalho, como coleta seletiva ou engajamento em ações sociais. As próprias ações também são consideradas importantes para mudar a cidade por 20% dos entrevistados. Quatorze por cento informaram fazer ações relacionadas à educação e 21% voltadas ao meio ambiente.
Quando o assunto é o poder público, 25% dos cidadãos acreditam que cobrar do poder público é o principal ponto para se aproximar da cidade ideal. Outros 30% acreditam que o cidadão deve planejar ações e levá-las até os órgãos públicos. Nas demais capitais, este percentual não ultrapassou 5%.
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