As pirâmides do Egito estão entre as formas tumulares mais conhecidas e reconhecidas pela sua grandiosidade e engenharia. A última morada dos faraós encanta e atrai os olhares mais curiosos há séculos. Enigmáticas e repletas de símbolos, suscitam a curiosidade sobre significados e geram teorias variadas. O fato é que a temática egípcia ainda permanece encantando e influenciando muitas construções.
Um dos momentos áureos da egiptomania foi vivido no final do século 19 e início do 20. Edificações dos mais variados tipos foram erguidas seguindo os cânones da arquitetura dessa civilização e, como não poderia deixar de ser, os cemitérios também abarcaram esse modismo. Muitos acreditam que túmulos com motivos egípcios tenham sido construídos sob influência do pertencimento à maçonaria ou à Ordem Rosa Cruz, o que pode ser verdade, mas não necessariamente.
A questão é que as influências na arte tumular foram replicadas a partir de polos geradores: Itália, França e Portugal. Escultores e marmoristas fizeram arte e influenciaram a monumentalidade de cemitérios em um sem fim de países. Um nome recorrente em diversas línguas e campos santos é o do escultor italiano Giulio Monteverde. Suas esculturas foram copiadas de forma incessante, inclusive em Curitiba.
Prova disso é a maneira como uma pirâmide prende os olhares de quem passa ao lado do Cemitério Municipal São Francisco de Paula. A mirada é de uma sacerdotisa que, acompanhada de uma esfinge, posa em frente a uma pirâmide de grandes proporções. Trata-se de uma réplica do túmulo executado pelo arquiteto Angelo Colla e por Monteverde no cemitério de Milão. Uma apropriação brasileira, presente também em cemitérios como o São João Batista, no Rio de Janeiro, e o cemitério de São José dos Pinhais. A diferença entre essas obras mora na sutileza dos significados, pois no processo de cópia alguns atributos foram inadvertidamente alterados.
Da sacerdotisa original, talhada em mármore, o panejamento e proporções perderam a sutileza. Com a mão direita guarda uma ânfora recoberta por tecido, símbolo do luto. O receptáculo remete à ideia de transformação, mas também pode ser lido como a urna dos restos mortais. A esfinge – que na forma egípcia guarda as necrópoles – é representada por uma mutação do corpo de um leão com a cabeça de um homem. Enigmaticamente foi trocada pela versão grega, a inquiridora de Édipo, de seios desnudos, corpo de leão e cabelos como lã de carneiro.
No pórtico de entrada, a ave original que carrega o símbolo do ba, a alma para os egípcios, cristianizou-se e foi trocada pela pomba, que traz no bico o ramo de oliveira, apontando para Noé e o fim do dilúvio. A representação de sacerdotisas tocando harpa, nas laterais da porta de entrada, deu espaço a uma masculina, de trajes um pouco desconexos com a cronologia. Mas, encimando a porta, o Disco Solar de Hórus mantém-se inalterado. Simboliza a vitória da luz sobre a sombra; e do bem contra o mal, uma imagem de julgamento da alma.
Apropriadas ou não, essas modificações não retiraram a aura da construção. Popularidade que fez com que o túmulo da pirâmide fosse incorporado às lendas locais. Dizem que é passível de previsões futuras. Por meio de uma fotografia que se localiza dentro da construção, mostraria diferentes desfechos para o futuro de quem as olha pela porta. Talvez por isso um espírito alegre tenha deixado a imagem impressa de um faraó no chão do mausoléu. A previsão é grandiosa para todos.
Lista de falecimentos - 06/09/2015
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