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A defesa do ex-comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel reformado Jorge Luis Thais Martins, anunciou, nesta segunda-feira (14), que vai pedir a liberdade de seu cliente. O advogado Elias Mattar Assad disse que a redação final habeas corpus já foi concluída e que o pedido será apresentado ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) na terça-feira (15). Martins está preso desde o dia 28 de janeiro, suspeito de ter matado nove pessoas e baleado outras cinco.

Assad argumenta que o coronel atende a todos os pré-requisitos necessários para ter direito a liberdade e que não há evidências que comprovem a participação de Martins nos crimes dos quais ele é acusado. "O coronel é uma pessoa de bem e não há uma só prova pericial contra ele", apontou o advogado.

Nesta segunda, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) negou o pedido da defesa do ex-comandante, que havia solicitado que as investigações passassem a ser conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). Por meio de sua assessoria de imprensa, o MP-PR apontou que as diligências continuarão a ser conduzidas pela Delegacia de Homicídios (DH), mas designou promotores para acompanhar de perto as investigações.

O advogado voltou a criticar os inquéritos policiais, classificando as investigações de "insipientes" e "nulas". Segundo Assad, se o MP-PR, eventualmente, oferecer denúncia contra o coronel, a defesa vai impugnar todos os atos feitos ao longo das investigações. "Conduzidos pelo Gaeco, os trabalhos trariam um nível ainda maior de confiabilidade. Mas as impugnações já estão sendo preparadas por nós [os advogados]", disse.

Assad apontou ainda que uma suposta testemunha deve mudar os rumos das investigações e provocar uma reviravolta no caso. O advogado disse que conversou por telefone com esta pessoa, que teria afirmado, em um primeiro momento, que os crimes atribuídos ao coronel, na verdade, teriam sido cometidos por um policial civil. A testemunha gravaria entrevista em um veículo de comunicação da capital.

O caso

O coronel Martins é considerado suspeito de ter cometido cinco ataques, em que nove pessoas morreram e cinco foram baleadas, totalizando 14 vítimas. Os crimes ocorreram entre o dia 8 de agosto de 2010 a 14 de janeiro deste ano. Todos os atentados foram cometidos no bairro Boqueirão, próximo ao local onde o filho de Martins foi assassinado, em outubro de 2009. Os ataques começaram depois que dois usuários de drogas, suspeitos de ter matado o filho do coronel, foram postos em liberdade. Segundo a polícia, nenhuma vítima dos ataques tem qualquer relação com a morte do rapaz.

O ex-comandante dos Bombeiros foi preso no dia 28 de janeiro. Dias depois da prisão, a polícia realizou uma seção de reconhecimento, das quais participaram nove pessoas – entre sobreviventes e testemunhas. A DH confirmou que houve reconhecimento, mas não divulgou o resultado do procedimento. Fontes ligadas à Polícia Civil ouvidas pela Gazeta do Povo confirmaram que todas as pessoas reconheceram Martins.

A defesa do coronel entrou com um pedido de revogação de prisão, junto a Vara de Inquéritos Policiais. Na semana passada, no entanto, o juiz Pedro Sanson Corat negou a solicitação e Martins permanece preso.

Testemunhas prestaram depoimento à DH e afirmaram que policiais militares que atenderam as ocorrências adulteraram a cena do crime, retirando cápsulas dos projéteis, antes da chegada do Instituto de Criminalística (IC). Ainda na semana passada, pessoas que foram ouvidas pela polícia afirmaram que estão sendo vítimas de ameaças.

Veja o mapa com a localização de cada crime

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