O Dia Mundial da Alimentação, celebrado nesta quinta-feira (16), foi marcado por protestos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná. Integrantes da Via Campesina, Assembléia Popular e do Movimento Popular de Mulheres de Sarandi, ligado ao MST, ocuparam oito praças de pedágio no estado, liberando as cancelas para a passagem dos motoristas sem o pagamento da tarifa. Cerca de mil manifestantes participaram das ocupações, informou o MST.
A Rodonorte foi a concessionária que mais teve praças de pedágio ocupadas, quatro no total. A ocupação começou às 8 horas com cerca de 50 sem-terra na praça de Imbaú, nos Campos Gerais, que fica no quilômetro 377 da BR-376, entre Ponta Grossa e Apucarana. Os manifestantes ocuparam todas as pistas da rodovia e começaram a canalizar o tráfego de veículos para apenas duas das cancelas da praça e liberaram a passagem dos carros.
Num intervalo de meia hora, outros 100 manifestantes invadiram as praças de Ortigueira, no quilômetro 321 da BR-376, e de São Luís do Purunã, no quilômetro 132 da BR-277. Nos três locais, as câmeras de segurança foram viradas de maneira a não permitir a filmagem das ações. Por volta do meio-dia, os manifestantes deixaram as praças e ocuparam o pedágio de Witmarsum, no quilômetro 537, da BR-376. A praça também foi liberada ainda pela manhã.
No Oeste do Paraná, duas praças de pedágio da concessionária Ecocataratas também foram ocupadas. Em Cascavel, as cancelas localizadas no quilômetro 569 da BR-277 foram abertas durante a manhã por cerca de 200 pessoas. Aproximadamente 200 manifestantes também liberaram a passagem dos veículos na praça localizada no quilômetro 704,5 da mesma rodovia, no município de São Miguel do Iguaçu, segundo a empresa.
Em Mandaguari, no Noroeste, a praça de pedágio da concessionária Viapar, localizada no quilômetro 201 da BR-376 por cerca de 40 mulheres. Por volta das 11 horas, foi a vez da ocupação da praça de Prudentópolis, mais conhecida como Praça do Relógio, no Sudeste do estado. De acordo com a concessionária Caminhos do Paraná, perto de 30 manifestantes ocupam as cabines, localizadas no km 302,5 da BR-277, entre Curitiba e Guarapuava.
Segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias do Paraná e Santa Catarina (ABCR), todas as praças foram desocupadas espontaneamente pelos manifestantes até por volta das 15h30. Não houve registro de estragos nas praças e a concessionárias não calcularam quanto deixaram de arrecadar com a liberação das cancelas.
Motivo
Apenas mulheres, segundo a assessoria de imprensa do movimento, participam dos atos, que marcam a data que os movimentos sociais escolheram como o Dia Internacional em Defesa da Soberania Alimentar. Para os manifestantes, os pedágios são um dos principais entraves para a pequena agricultura, uma vez que encarecem a distribuição dos produtos agrícolas, prejudicando os produtores no campo e os consumidores nas cidades.
Os manifestantes criticam o atual modelo de incentivo do governo a agricultura, por não contemplar, segundo o MST, a agricultura familiar. "Lutamos para que cada povo possa definir suas próprias políticas agrícolas e alimentares, que possa defender a biodiversidade, produzir alimentos saudáveis, que respeitem a natureza e a cultura local", explica o MST em nota divulgada à imprensa.
