As médias de todas as escolas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mostram grandes diferenças entre os colégios públicos e privados. Essa disparidade, no entanto, é cinco vezes menor levando em conta escolas de ambas as redes que atendem apenas alunos pobres (com níveis socioeconômicos baixo ou muito baixos). Enquanto a média geral das escolas particulares é 14% mais alta que a pública, essa comparação, considerando apenas escolas com alunos mais pobres, é de apenas 5%.
Os dados do Enem 2014 foram divulgadas nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O recorte reforça o diagnóstico já comprovado em várias pesquisas de que o nível socioeconômico do aluno, e não só a escola, é fator preponderante no sucesso escolar.
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De acordo com as notas por escola no Enem 2014, a média geral na parte objetiva da prova na rede privada é de 557,98. A das escolas públicas, que concentra o maior número de alunos do ensino médio, é de 490,99 – uma diferença de 66,99 pontos.Entre as escolas com alunos mais pobres, que estão nos dois níveis socioeconômicos mais baixos, a diferença é de apenas 13,42 pontos entre os dois grupos. A particular fica com uma média de 472,34, enquanto a rede pública tem nota de 458,92. No Enem 2013, a diferença entre as públicas e privadas que atendem alunos pobres era de apenas 1%.
A distância maior entre as médias está em escolas que atendem alunos mais ricos (nível socioeconômico Muito alto e Alto), embora essa diferença seja menor que a média geral. A rede privada nesse estrato tem nota 568,04, média 8% maior que a da pública, de 528,04. No nível classificado como médio, as escolas particulares ficam com notas 5% mais alta.
A reportagem fez uma média por escola nas provas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas que compõe o Enem. Desde o ano passado o Inep divulga informações contextuais sobre nível socioeconômico – uma reivindicação antiga de especialistas, uma vez que esse aspecto é um dos que mais influenciam o sucesso escolar.
A partir de informações de renda indireta, como bens materiais, e a escolaridade dos pais dos alunos que fizeram o Enem, o Inep chegou a sete níveis socioeconômicos. Eles variam entre Muito baixo e Muito Alto.
Entre as 50 melhores escolas públicas do país, por exemplo, 46 estão classificadas nos dois níveis socioeconômicos mais elevados. A maioria são escolas técnicas, militares ou de aplicação. Quase todas praticam vestibulinho para ingresso, o que privilegia alunos de famílias mais ricas.