Motim envolve 71 presos, conforme a Seju, e começou por volta das 15h30| Foto: Walter Quevedo / Arquivo Pessoal

Segundo motim depois da rebelião em Cascavel

Esse é o segundo motim que acontece nos presídios estaduais depois da rebelião na Penitenciária Estadual de Cascavel, no Oeste do Paraná, ocasião na qual cinco pessoas morreram e 25 ficaram feridas. No último domingo (7), presos da Cadeia Pública de Guarapuava mantiveram três agentes reféns por 9 horas. Os detidos concordaram em liberar os funcionários da prisão depois de acertar a transferência de 74 presos para outras penitenciárias do estado. Ninguém ficou ferido nesse último caso.

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Presos amotinados atearam fogo em objetos dentro da cadeia no fim da tarde desta quarta-feira (10)
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O motim na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste, no Noroeste do Paraná, que começou por volta das 15h30, continuava até o fim da noite desta quarta-feira (10). Os presos que negociavam com policiais e com membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) exigiram a presença de um representante do Departamento de Execuções Penais do Paraná (Depen-PR) por volta das 20h30, o que retardou as negociações. Às 21h30, segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), ainda não havia chegado o representante do departamento estadual para prosseguir com os diálogos entre detentos e autoridades.

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Ao menos duas pessoas são mantidas reféns pelos detentos, conforme informações repassadas pela polícia local. Um dos reféns é agente penitenciário, e o segundo seria um dos presos da cadeia. Uma negociação entre presos, policiais e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está em andamento desde o fim da tarde. Segundo o comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar, Major Carmelito dos Santos, os presos aguardam a chegada de um representante do Departamento de Execuções Penais do Paraná (Depen-PR) para prosseguir com a negociação.

Por volta das 20h30, cerca de 100 familiares dos presos fizeram um protesto em frente à unidade para tentar falar com o diretor do penitenciária, Edgar Banhos. O protesto começou logo após chegada da Tropa de Choque ao local, já que os familiares temiam que a polícia entrasse no complexo e machucasse os detentos.

Por volta das 17h30, fumaça foi vista no local, mas não foi possível identificar o que os detentos estariam queimando.

Policiais militares do 25º Batalhão, de Umuarama, e do 7º Batalhão, de Cruzeiro do Oeste e Goioerê, cercaram o presídio logo após o início do protesto. Os bombeiros também enviaram equipes de resgate ao local e acompanham em frente ao portão o desenrolar da situação. Agentes penitenciários que estavam de folga também foram convocados e estão dentro da penitenciária.

Reivindicações

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Os presos não têm uma pauta exata de reivindicações. Mas, segundo pessoas próximas dos detentos que foram ao local para acompanhar as negociações, em princípio tudo ocorre por causa do modo como são tratados os familiares durante as visitas. Os presos também estariam sendo agredidos em algumas circunstâncias, de acordo com o familiares dos detentos.

A imprensa foi posicionada em frente ao portão da penitenciária, do outro lado da rua. Desse ponto era possível acompanhar também as reações dos moradores que têm casas próximas ao presídio. Eles se mostram apreensivos por causa da movimentação dos policiais, que entram e saem do prédio a todo momento.

Sindicato dos agentes acompanha situação

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), em nota, disse que havia um agente mantido refém. O motim, segundo a entidade, ocorre no bloco 1, na 6ª galeria do presídio. Nesse local, segundo a entidade, os presos já estariam no telhado.

Ainda segundo o sindicato, a unidade, atualmente, tem 900 presos, mas a capacidade seria para apenas 700. O governo do Paraná, por meio da assessoria de imprensa, afirma que não há superlotação no presídio de Cruzeiro de Oeste. Segundo os dados do estado, a unidade tem capacidade para receber 1.108 detentos e, atualmente, conta com 865.

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"Isso tudo já é uma tragédia anunciada", disse o presidente do Sindarspen, Antony Johnson. "A gente já sabia que a situação na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste, na PEL 2, em Londrina, na PEF 2, em Foz do Iguaçu, e na Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão está complicada por causa da transferência de presos", explicou. De acordo com Johnson, essas penitenciárias podem ser palco de outras rebeliões ainda este ano.

Na semana que vem o Sindarspen realiza uma assembleia geral com os trabalhadores para decidir sobre uma possível paralisação da categoria. Além disso, nesta sexta-feira (12) deve ser realizada uma reunião entre representantes do sindicato com a secretária de justiça, Maria Tereza Uile Gomes. "Precisamos de medidas efetivas, não paliativas", diz Johnson.

Seju

A Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) informou que 71 presos estão envolvidos na rebelião em Cruzeiro do Oeste. De acordo com a Seju, duas galerias foram tomadas pelos presos. A secretaria confirmou, por volta das 21h30, que o motim continuava no presídio de Cruzeiro do Oeste.