Movimento nos bares da Vicente Machado nesta sexta-feira, dia seguinte à operação policial da prefeitura.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A operação policial para tentar manter a ordem e inibir o tráfico de drogas na Rua Vicente Machado, no Centro de Curitiba, foi aprovada por grande parte dos proprietários de bares da região. No início da noite desta sexta-feira (13), dia seguinte à ação do programa Balada Protegida, do prefeito Rafael Greca (PMN), os bares funcionaram normalmente. Um protesto que havia sido convocado pelo Facebook, que iria dos bares até a residência de Greca, vizinho dos bares da Vicente Machado, acabou não acontecendo .

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A gerente operacional do bar The Meat Pack House, Heloise Pereia, é uma das comerciantes da rua que aprova a operação de quinta-feira. “Sexta-feira junta muito malaco aqui. A consequência disso são roubos, brigas e até gente esfaqueada. Ou seja, o pessoal que realmente gosta de consumir na frente do bar fica com medo e vai embora”, enfatiza Heloise.

Polícia Militar passa pelos bares da Vicente Machado nesta sexta, dia seguinte ao da Operação Balada Segura. 
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Mesma opinião da proprietária do Juk Bar, Rosane Drummond de Carvalho, que reclama especificamente de uma turma que sempre fica na esquina consumindo bebidas compradas em outros lugares. “Sou 100% a favor da ação. Quem fica na esquina só quer confusão. Tem que ter operação todos os finais de semana, o que inibiria quem é mal-intencionado”, enfatiza.

O gerente da JPL Burgers, Rodrigo Valente Gasparin, também avalia como positiva a ação. “Adorei o que aconteceu quinta-feira e quero que ocorra mais. Esse acúmulo de pessoas da rua afasta meus clientes, que gostam de ficar sentados e de bom atendimento”, defende.

Já o gerente do bar Aurora, Everton Carlos de Oliveira, ressalta que os comerciantes que estão com as suas documentações em dia não têm por que temer a operação da prefeitura. “Se um dia a fiscalização bater na minha porta, tenho toda a papelada regularizada. Então não vejo problema”, afirma.

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Entretanto, Oliveira critica a forma como a força-tarefa – formada por fiscais da prefeitura, Guarda Municipal e as polícias Militar e Civil – atuou quinta-feira. “Eu só acho que essa operação deveria ser mais discreta, porque do jeito que foi espantou muito os meus clientes, que ficaram assustados”, aponta.

Marcelo Henrique Buras, gerente do Draft Beer Window, também considera positiva a operação. Mas acredita que a fiscalização não deveria retirar os ambulantes da rua. “Eles nos ajudam a trazer clientes”, afirma.

Apesar do posicionamento dos proprietários e gerentes dos bares da Vicente Machado, a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) vai se reunir com o secretário de Governo da prefeitura, Luiz Fernando Jamour, para discutir as ações policiais nos bares. Pelo posicionamento do presidente da Abrabar, Fábio Aguayo, do jeito que foi feita, a ação de quinta-feira foi “de marketing”.

Público

Se os comerciantes quase todos concordam com a ação policial de quinta-feira, o público que frequenta os bares da Vicente Machado se divide.

O bancário Marlon Alfredo Gonçalves Silva, 32 anos, afirma que operações policiais em bares acabam impactando negativamente na vida social da cidade. “Não vejo nenhum objetivo para esse tipo de ação. Eu nunca vi o pessoal que bebe na esquina causar problema”, argumenta.

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Mesma opinião do engenheiro Eduardo Palmeiras, de 26 anos, que afirma ser estranho a primeira operação ser na Vicente Machado, justamente a rua em que o prefeito mora. “A Trajano Reis e a São Francisco são bem mais perigosas, com o tráfico muito mais visível. A operação deveria ser lá”, afirma.

A estudante Carlina Borges, 18 anos, afirma que cada um tem o direito de curtir do jeito que quiser. “Se o Greca não sabe aproveitar a vida, o problema é dele”, critica.

Já a publicitária paulista Camila Coimbra, 28 anos, que se mudou para Curitiba há uma semana lembra que em São Paulo é comum a polícia acompanhar a movimentação em bares. “Eu acho essa operação boa. Em São Paulo frequentava muito a Vila Madalena [tradicional bairro boêmio paulistano] onde sempre tem polícia e nunca vi confusão por lá”, diz.