Discordância
Pelas contas da Urbs, a tarifa técnica de Curitiba, aquela que é repassada aos empresários, está em R$ 2,93 2,8% acima da tarifa do usuário. Já a tarifa técnica metropolitana é de R$ 4,07 42,8% acima do preço do usuário. A Comec contesta esses valores, diz que sua pesquisa de origem e destino mostra que o custo do passageiro metropolitano é menor do que o informado pela Urbs.
Sem depósito
Condição para a trégua na greve, os R$ 5 milhões prometidos pelo governo estadual ainda não foram depositados. Segundo a Comec, a transferência será feita na manhã de hoje, parte para o Fundo de Urbanização de Curitiba, parte às empresas, que dizem que transferirão imediatamente os vales atrasados aos funcionários. No total, Comec diz dever R$ 15,8 milhões às empresas.
"Locaute"
Fruet sugeriu ontem que as empresas de ônibus podem estar por trás da greve dos trabalhadores. "Tivemos uma paralisação de dois dias em Curitiba em razão da não antecipação dos salários de algumas empresas para os trabalhadores. Estamos falando de R$ 5 milhões. É expressivo, mas não é lógico que um sistema que movimenta R$ 1 bilhão em um ano paralise por R$ 5 milhões. Há algo muito maior em jogo ou algum tipo de pressão ou uma tentativa de locaute para estabelecer pressão e paralisar o serviço público".O Setransp rechaçou a declaração e disse ter farta documentação de seu empenho em encerrar a greve.
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Um dia após a trégua na greve geral do transporte coletivo de Curitiba e região, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) anunciou que as tarifas serão reajustadas e que o novo valor será revelado amanhã. Ao fazer isso, Fruet impõe um prazo limite para as negociações com o governo estadual e admite jogar a toalha quanto à integração tarifária com a região metropolitana se as discussões não avançarem. Segundo o prefeito, o valor pago pelo usuário passará de R$ 3 e a tarifa única metropolitana pode deixar de existir.
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O pacote foi revelado no mesmo dia do retorno parcial dos ônibus às ruas. A frota ontem oscilou entre 75% e 92% , conforme indicaram os balanços da Urbs. A Justiça determinou a circulação de, no mínimo, 80% da frota até que os trabalhadores recebam o vale adiantamento salarial que deveria ter caído até o última dia 20. O sistema parou dois dias por isso.
Estratégia
Assim como em 2014, Fruet se valeu de uma entrevista para informar que reajustará de forma unilateral as tarifas das linhas que circulam apenas dentro de Curitiba. O anúncio pressiona o governador Beto Richa (PSDB) a aumentar sua proposta de subsídio para o sistema em 2015.
"O governo está oferecendo um subsídio de R$ 27 milhões [por ano]. Em 2012, ano eleitoral, ele repassou R$ 64 milhões. Não há como manter os mesmos valores do passado. Mas vamos até o fim pela tarifa única", disse Fruet.
As declarações do prefeito foram rechaçadas no Palácio Iguaçu. Assessores de Richa disseram que Fruet tenta transferir responsabilidades e que a culpa de uma eventual desintegração da tarifa será dele. A Comec disse ter se reunido ontem com a Urbs para tratar do tema, mas o assunto não teve uma definição.
A Rede Integrada de Transporte (RIT) tem 356 linhas em 14 municípios, todas elas com uma única tarifa e integração em terminais da capital e também de cidades vizinhas.
Se confirmar o aumento da tarifa amanhã com base na variação da inflação, Fruet estará, na prática, antecipando a data-base de motoristas e cobradores, prevista para 1.º de fevereiro, e colocando parte da pressão do aumento da passagem dos usuários nos ombros dos trabalhadores. Um eventual pedido da categoria para um reajuste acima da inflação medida pelo INPC algo esperado já que as últimas negociações resultaram em aumentos reais resultaria em novo ajuste da tarifa do usuário.
De acordo com planilha divulgada no site da Urbs, 48,2% da tarifa técnica vem de encargos sociais e gastos com pessoal e benefícios. O prefeito, inclusive, abordou os reflexos do peso do reajuste salarial na tarifa. "Queremos garantir a manutenção desse quadro [de aumento real] para os trabalhadores. Mas, nesse momento de crise, precisamos pensar. Não adianta apenas os sindicatos concordarem com o reajuste, porque essa conta vai para o poder público e precisará ser repassada para a tarifa."
A reportagem procurou o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, para comentar o assunto, mas não o localizou. A assessoria da entidade informou que não poderia se pronunciar sem antes falar com Teixeira.
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