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Pontuação extra

Em vez da reserva de vagas, Unicamp adota bônus

Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, os professores optaram por outra modalidade de ação afirmativa. Em vez de implantar as cotas, eles criaram um sistema de bônus. Alunos oriundos de escola pública e aqueles que se autodeclaram negros recebem bonificação extra de 40 pontos. Em cursos mais concorridos como Medicina, isso significa passar na frente de mais de 400 candidatos.

De acordo com Leandro Tessler, coordenador da Comissão Permanente para Vestibulares, os estudantes das escolas públicas se saem melhor na prova do que aqueles vindos das particulares. "Nossa prova é dissertativa e arrojada", diz. O resultado é que 32% dos matriculados vieram do ensino público, 96% desses alunos tiveram melhora no desempenho durante o curso maior que os demais e metade deles tiveram notas superiores às dos estudantes particulares.

Tessler critica a implantação das cotas por meio do Projeto de Lei 3.913/08, que exige reserva de metade das vagas nas instituições, já que, de acordo com ele, não se sabe se a demanda é mesmo essa. Outro ponto que difere a Unicamp da UFPR é que os autodeclarados negros não passam por uma comissão avaliadora. "Temos de preservar a autonomia universitária, cada uma deve decidir o que é melhor", diz. Além disso, Tessler acredita que a questão do mérito para se entrar na universidade deve ser levada em conta.

O historiador José Roberto Goés, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), é um dos poucos docentes que se manifesta contra as cotas. "O Senado deixou para decidir em 2009 se aprova a lei que institui cotas raciais para ingresso no ensino superior. Se aprovada, será a primeira lei racial da nossa história", argumenta. Ele acredita que, com a medida, os brasileiros estarão oficialmente divididos em negros e brancos, com direitos diferenciados. "Um horror até há pouco impensável num país que se orgulha da mistura. Pergunto-me que políticos são esses, prontos a emprestar as sua biografias para fazer do Brasil um país mais parecido com a África do Sul do tempo do apartheid e com a Alemanha nazista", diz.

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