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segurança pública

Estado descumpre lei e policiais não passam por avaliações anuais de saúde

Fachada do Hospital da PM: orientação é procurar a instituição. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Fachada do Hospital da PM: orientação é procurar a instituição. (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Policiais civis e militares não passam por uma junta médica, psicológica e assistencial anualmente, conforme determina a lei estadual nº 14.448/2007. A legislação exige que todos os agentes das forças de segurança do Paraná devem passar a cada 12 meses por essa comissão psicossocial, mas, desde que a lei foi sancionada, as instituições não se estruturaram para atender a demanda. Tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil admitem não cumpri-la.

A falta de atendimento adequado à saúde mental dos policiais paranaenses pode acarretar em uma série de consequências.

Entre 2014 e 2016, 17 policiais militares cometeram suicídio no Paraná. No ano passado, 23 foram reformados após terem a saúde mental comprometida, e outros 133 estão afastados pelo mesmo problema. Na Polícia Civil, até março deste ano, 23 policiais estavam afastados por questões de saúde.

Alerta

O Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil do Paraná tem alertado há alguns meses sobre a situação de saúde de seus representados. Em fevereiro, a Gazeta do Povo mostrou que, em alguns casos, escrivães atuavam 12 horas durante o dia e ficavam em alerta para qualquer necessidade na madrugada. A escala de investigadores e escrivães na Polícia Civil é de 24 horas de trabalho por 72 horas de folga.

O estresse no dia a dia pode gerar exageros na atuação dos policiais. E vão ser cobrados, punidos na sequência, mas não recebem a devida atenção para evitar tudo isso.

Orélio Fontana presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar (Apra)

“Escrivães têm estado cada vez mais doentes pela jornada excessiva. Eles não conseguem tempo nem para ir ao banheiro, imagine para sair para passar por médico, psicólogo e assistente social. Isso não é cumprido de jeito nenhum”, diz Airton Fernandes, presidente do sindicato.

Um dos representantes do sindicato dos investigadores da Polícia Civil, Roberto Ramires lembra do peso que tem sido guardar presos nas unidades superlotadas e tentar investigar crimes. “Imaginem o estresse. Já é um trabalho com muita pressão, mas ainda há todos os problemas estruturais que pioram o cenário.”

Prevenção

Segundo o presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar (Apra), Orélio Fontana, muitos exageros cometidos por policiais no dia a dia poderiam ser evitados caso passassem regularmente pelo atendimento.

“O estresse no dia a dia pode gerar exageros na atuação dos policiais. E vão ser cobrados, punidos na sequência, mas não recebem a devida atenção para evitar tudo isso, sem falar no aumento de suicídios que temos registrado. Os problemas com a saúde mental normalmente são silenciosos”, diz.

Segundo Fontana, a carga excessiva de trabalho também atrapalha. “Em média, os policiais trabalham quase 240 horas por mês em escalas de 24 por 48. É muito acima do que aguentam.”

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