"Eu sinto uma grande tristeza por tudo isso", diz publicitária. Veja o vídeo
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A publicitária Renata Guimarães Archilla, de 29 anos, recebeu com alívio a notícia de que o próprio pai e o avô foram presos na manhã desta terça-feira (12) em São Paulo. Segundo a polícia, os dois mandaram matar Renata em 2001 por não reconhecer a mulher como parte da família. A moça, que sobreviveu ao atentado no qual levou três tiros , mudou de estado e precisou passar por oito cirurgias reparadoras na face.
"Eu estou aliviada porque passei por muita dor e cirurgias ao longo desses sete anos. Tive que reconstruir a minha vida e mudar de lugar por questão de segurança", afirmou ao G1. O sentimento também não é de raiva, mas de tristeza. "Sempre tentei me relacionar com essa família e eles nunca quiseram. Estou em busca do perdão, do perdão que vem do meu coração", disse Renata, que "não espera" pedidos de desculpa dos acusados.
Nicolau Archilla Galan, de 81 anos, e o filho dele, Renato Grembecky Archilla, 49, foram presos na casa onde moram no bairro Jardins, região nobre da capital paulista. O delegado Osvaldo Nico Gonçalvez, supervisor do grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), responsável pela prisão, contou que os dois ficaram "surpresos" com a decisão da Justiça e se declararam "inocentes".
Para o promotor Roberto Tardelli, responsável pelo caso, o crime foi encomendado depois que Renata foi reconhecida como filha do empresário Renato Archilla. "A investigação de paternidade demorou mais de 10 anos, quatro exames de DNA foram feitos. Isso acabou fazendo com que eles (os dois acusados) ficassem cada vez mais apreensivos", explica Tardelli.
Papai noel
O crime ocorreu em dezembro de 2001. Renata foi atacada em um sinal de trânsito no Morumbi, Zona Sul, por um homem vestido de papai noel. "Ele é um policial militar de Sorocaba (no interior de São Paulo), onde meu pai e avô têm fazendas", contou a publicitária. "Parei o carro, ele me encarou. Achei estranho e, sem falar nada, começou a atirar", lembrou a vítima. O homem foi o único julgado no caso até agora.
Em 2006, o ex-PM foi condenado a 13 anos e quatro meses de prisão pelo crime. "Sempre soubemos que a atuação dele não era autônoma, ele fez a mando de alguém. Soubemos que só poderia ter partido do pai e do avô, uma vez que ela era considerada herdeira bastarda", diz o promotor Tardelli, a quem Renata chama de "anjo da guarda".
Procurado logo após a saída dos Archilla para o Centro de Detenção Provisória de Belém, na Zona Leste, o advogado dos dois, Gustavo Eid Bianchi Prates, disse que não comentaria o caso "até ter acesso aos autos". Apesar de afirmar trabalhar com os clientes há seis anos, não respondeu se são inocentes.
Na Justiça
A batalha na Justiça foi longa. Renata contou que foram dez anos até ser reconhecida (por exame de DNA) e mais doze em busca da pensão alimentícia. No meio do processo, uma ameaça. "Seis meses antes do atentado, o meu avô Nicolau me telefona dizendo que eu teria pensão até os 24 anos, mas que a nunca poderíamos saber o que ia acontecer até lá. Não vi isso como uma ameaça", relatou a publicitária, que tinha 21 anos na época do crime.
Ela ainda não teve acesso à herança a que diz ter direito e nem tem pressa para isso. "Esse dinheiro só me trouxe dor e tristeza. Se algum dia eu herdar, quero transformar em alguma coisa boa", afirmou a moça, que pretende doar o dinheiro a projetos sociais.
Casada, Renata mora com o marido em Santa Catarina. Disse ter reconstruído a vida, mas ainda sofre com os danos provocados pelo atentado. A última das oito cirurgias que fez foi em junho deste ano. Ela contou que a maioria foi para refazer a face. "Perdi todos os dentes da arcada superior e tive de fazer um implante de osso na boca".
Além disso, ela tem na coluna uma bala que ficou alojada e perdeu 40% da sensibilidade da mão esquerda. Mesmo diante de tantas tragédias, reafirma que não tem raiva do pai e do avô. "Mas espero que a Justiça seja feita porque só eu sofri nessa história".
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