Colégio Estadual do Paraná é uma das instituições ocupadas no estado| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Após o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), ter declarado que as ocupações colocam em risco a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, estudantes que ocupam as instituições do Paraná afirmaram, em nota divulgada pelo Ocupa Paraná, que não “hesitariam em suspender temporariamente as ocupações para que a prova acontecesse”. No estado, 145 escolas ocupadas serão utilizadas para a aplicação das provas nos dias 5 e 6 de novembro, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Segundo o Ocupa Paraná, movimento encabeçado por alunos, passa de 770 as escolas estaduais tomadas nos estado.

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Embora tenham jogado no ar a possibilidade, o movimento afirma que uma posição oficial sobre o assunto será decidida durante assembleia na próxima sexta-feira (21), dez dias antes do prazo dado pelo MEC pra que os alunos deixem as escolas sem colocar em risco o Enem. Na nota, o grupo ressalta que o MEC trabalha com a possibilidade de adiar e não cancelar as provas e que o protesto não tem a intenção de prejudicar nenhum aluno que tenha que prestar o exame.

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“Com certeza essas escolas voltariam a ser ocupadas depois do Enem da mesma forma que tem acontecido com as escolas desocupadas por reintegrações de posse. Ainda assim teríamos mais de 650 escolas ocupadas e nosso movimento seguiria forte e resistente”.

Além disso, o grupo ainda questiona a afirmação do ministro de que a prova será de fato adiada, já que a declaração vai contra o que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) vinha afirmando até então. Na semana passada, após uma declaração do chefe da Casa Civil do Paraná, Valdir Rossoni - de que os estudantes do Paraná não fariam o Enem caso as ocupações fossem mantidas -, o órgão vinculado ao MEC informou que a aplicação das provas para os quase 420 mil inscritos no estado estava mantida. “Isso claramente é mais uma tentativa do governador de derrubar nossas mobilizações com o respaldo de Mendonça e Temer que se recusam a dialogar quanto a MP 746 e a PEC 241”, diz a nota.

A reportagem tentou contato com a União Paranaense dos Estudantes (UPES), mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

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Ministro diz que ocupação no PR tem razões “políticas locais”

O ministro da Educação, Mendonça Filho, incorporou a tese do governo do Paraná sobre as ocupações nas escolas. Para Beto Richa (PSDB), o movimento estudantil no estado tem “um viés político e partidário”. “Existem movimentos estudantis ligados a grupos radicais, ligados a partidos de esquerda, que muitas vezes não visam tão somente a melhoria das condições da educação”, declarou o tucano à imprensa, na terça-feira (18), em Brasília, logo após uma reunião com Mendonça Filho.

Nesta quarta-feira (19), foi Mendonça Filho quem deu o mesmo tom às ocupações no Paraná, também durante entrevista à imprensa. “Cerca de 85% das ocupações está no Paraná, onde há uma questão política local. Mas eu não quero, não devo, fazer uma elaboração desse quadro”, disse ele.

Em outros momentos da entrevista, o ministro disse que “há entidades patrocinando as ocupações” e rechaçou o conteúdo do protesto dos estudantes paranaenses, que é principalmente a forma como foi feita a reforma do ensino médio, através de uma Medida Provisória. “A discussão da reforma do ensino médio vem de 1998. Agora estamos agindo na urgência e na relevância que o assunto merece. [A Medida Provisória] É uma previsão constitucional, inclusive inspirada em governos anteriores, como o Prouni, o Brasil Carinhoso”, respondeu ele.

Ao ser questionado pela Gazeta do Povo sobre o número de 750 escolas ocupadas no Paraná, levando em consideração o levantamento divulgado pelo movimento estudantil nesta quarta-feira (19), o ministro também sugeriu que o dado poderia estar superestimado. “Nós estamos fazendo um monitoramento diário e in loco. Não nos baseamos em dados de internet, de sites ligados a grupos organizados que patrocinam as ocupações”, disse ele.