Os primeiros estudos sobre a composição e atuação das pílulas de fosfoetanolamina produzidas e distribuídas pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo indicam que elas não são eficazes para o tratamento do câncer. Os testes foram realizados a pedido do Ministério da Ciência e da Tecnologia, que vai investir R$ 10 milhões ao longo de três anos em pesquisas sobre a fosfoetanolamina.
Foram avaliados as características e os componentes das cápsulas, o potencial delas de barrar a proliferação de células tumorais, o potencial mutagênico da substância e a dose máxima tolerada. Todos os testes fazem parte da etapa pré-clínica, que se dá antes das pesquisas em humanos.
Os testes mostraram que a fosfoetanolamina por si só não apresentou potencial para destruir células tumorais ou evitar a proliferação delas. Para a avaliação foram empregadas três metodologias diferentes e utilizadas células humanas de carcinoma de pâncreas e melanoma.
Também foram avaliadas outras duas substâncias encontradas na cápsula fornecida pela USP: a monoetanolamina e a fosfobisetanolamina. Dessas, apenas a monoetanolamina mostrou potencial para combater tumores. Mesmo assim, ela se mostrou menos potente que outros antitumorais já utilizados.
Sobre a toxidade e o potencial mutagênico, o que se percebeu é que a cápsula não representa um risco. As pesquisas realizadas até o momento não detectaram atividade mutagência relacionada à fosfoetanolamina. A substância também não apresentou sinais que indicassem riscos de intoxicação em nenhum dos testes realizados.
Os estudos foram produzidos pelo Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASSBio/UFRJ), pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC) e pelo Centro de Inovação de Ensaios Pré-Clínicos (CienP), de Florianópolis. Essas instituições foram convidadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia pára avaliar a segurança e eficácia da fosfoetanolamina.
Liberação
Os resultados desses estudos devem influenciar a votação do projeto de lei que libera a distribuição e o uso das cápsulas de fosfoetanolamina por pacientes com câncer até que sejam concluídos os testes sobre a substância. A matéria foi aprovada no começo deste mês pela Câmara dos Deputados. Na última quinta-feira (17), o texto foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado e deve seguir nas próximas semanas para análise em plenário.