O esforço do presidente americano Barack Obama de duplicar o número de estudantes latino-americanos nos Estados Unidos e vice-versa, em cinco anos, começará nesta quarta (23) a ficar claro no Brasil. A Embaixada dos Estados Unidos promove feiras com representantes de quase 90 universidades americanas a partir desta quarta-feira, em São Paulo, para atrair mais de 8 mil estudantes brasileiros em busca de informações. Brasília (sábado, 26) e Rio (segunda, 28) também terão eventos. Nem mesmo a explosão da cotação do dólar deve afastar os brasileiros, avalia a embaixadora americana Liliana Ayalde, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo.
“As universidades americanas gostam muito do perfil do estudante brasileiro, que é muito engajado e muito aberto ao diálogo. Qual universidade não vai querer estudantes da sétima maior economia do mundo? Temos muitos programas de bolsas e assistência financeira e sabemos que, mesmo com as dificuldades financeiras do momento, o interesse dos estudantes brasileiros é muito grande”, afirmou a embaixadora.
Cerca de 64 mil habitantes da América Latina e do Caribe vão, todos os anos, estudar em universidades americanas. Do outro lado, o número é menor: são aproximadamente 40 mil norte-americanos que frequentam faculdades latino-americanas e caribenhas. O programa “100.000 Strong” (ou “A Força dos 100 mil”, em tradução livre), lançado por Obama, pretende levar esses dois números para 100 mil estudantes até o fim de 2020.
“Estamos conscientes que vão mais brasileiros para os EUA do que o contrário. Mas é crescente o número de americanos interessados em aprender português, em aprender a cultura brasileira, e muito disso vem com o contato direto que eles têm com os brasileiros nas universidades”, disse a embaixadora Liliana, que admitiu que, no Brasil, a cultura de recepção de estudantes estrangeiros não é ainda tão “arraigada” quanto nos EUA. “A orientação para receber estudantes americanos não é tão engajada, de forma geral. Há algumas universidades muito abertas, mas de modo geral nós gostaríamos de ver mais”, disse ela.
Há uma semana, a embaixadora participou de cerimônia de aniversário do International Visitor Leadership Program (IVLP), lançado pelos Estados Unidos em 1940 e voltado a líderes, como cientistas, ambientalistas e outros, de todos os países. “Falei com muitos líderes que tiveram a chance de passar um tempo, curto ou longo, estudando nos EUA nos últimos anos. A experiência mudou profundamente a vida de cada um, segundo o relatos feitos diretamente a mim. É algo tremendamente valioso para nosso país essa interação, especialmente com o Brasil”, afirmou.
“O Brasil é um grande parceiro dos EUA e o presidente Obama entende que, pela educação, podemos nos aproximar ainda mais. Os estudantes brasileiros poderão ver os problemas que nosso país tem e a forma como nós lidamos com eles internamente. Essa é uma experiência muito rica”, disse a embaixadora.