Polícia pode conceder delação premiada a pai de Eloá
A Polícia Civil de Alagoas estuda conceder o benefício da delação premiada a Everaldo Pereira dos Santos, pai da jovem Eloá Pimentel, morta após ser mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado Lindemberg Alves em seu apartamento em Santo André, no ABC paulista. Caso seja concedido, Santos pode ter a pena reduzida e sua família poderá entrar no programa alagoano de proteção à testemunha. A concessão, contudo, depende de pedido do Ministério Público à Justiça. Santos continua foragido.
Além de ser acusado de participação na morte do delegado Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa, Everaldo Pereira dos Santos, pai da adolescente Eloá Cristina Pimentel, também é apontado como o assassino da ex-mulher, Marta Lúcia Alves Vieira morta com requintes de crueldade em abril de 1993. A denúncia foi feita pelas ex-cunhadas do suspeito Claudilene e Rita de Cássia Vieira. O corpo de Marta Lúcia foi encontrado com o pescoço degolado e o rosto queimado, em um canavial do município do Pilar, a 35 quilômetros de Maceió.
Segundo Claudilene e Rita, o cabo Everaldo é o principal suspeito do crime. "A minha irmã foi vista por duas testemunhas entrando no carro dele, onde ele estava, quando desapareceu e só foi encontrada morta, assassinada no canavial, dias depois", afirmou Claudilene Vieira. De acordo com as ex-cunhadas, eles moraram juntos por cerca de 5 anos, mas o casamento não foi oficializado.
"A gente só não denunciou antes por medo de morrer, porque ele era da gangue fardada, um grupo de extermínio, envolvido com muitas mortes em Alagoas, inclusive de gente com um poder aquisitivo bem maior do que o nosso", disse Rita. Segundo ela, com o reaparecimento do pai da Eloá, o caso deve ser reaberto.
O delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Marcílio Barenco, afirmou que, no momento, estão sendo realizadas buscas do processo da morte da ex-mulher de Everaldo. Marta Lúcia teria sido seqüestrada pelo ex-militar na Praça Deodoro, no centro de Maceió, e assassinada por enforcamento e facadas. Por isto, a polícia está tentando descobrir se existe um processo do crime. "Everaldo teria apanhado sua ex-mulher no próprio carro, sob o pretexto de pagar a pensão. No entanto, ela não voltou para casa.
"O medo do ex-cabo PM era tão grande que pode não ter havido inquérito", disse Barenco, ressaltando o estreito relacionamento do pai de Eloá com a segurança pública da época. O delegado-geral disse que se após as buscas for constatado que na época não houve a instauração do devido procedimento investigativo e o crime não foi apurado, a polícia vai instaurar imediatamente o inquérito.
Quadrilha do ABC
Segundo o delegado, o crime foi praticado porque Marta Lúcia sabia dos crimes que o cabo Everaldo praticava como integrante da gangue fardada. De acordo com Barenco, delegados da Polícia Civil de São Paulo informaram ser possível que Everaldo e Lindemberg Alves participavam de um grupo criminoso em Santo André. Inclusive, disse, existe investigações em andamento neste sentido, realizadas pela polícia paulista. Eloá, de 15 anos, foi assassinada depois de ficar mais de 100 horas em poder do ex-namorado Lindemberg.
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