PF tomou medida de precaução contra ataques a Abdelmassih na cadeia
Preso nesta terça-feira (19) no Paraguai depois de ter ficado três anos foragido, o ex-médico Roger Abdelmassih ficou numa cela, em Foz do Iguaçu (PR), apenas com um detento sem antecedentes de violência.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Marcos Paulo Pimentel, pela natureza dos crimes atribuídos ao ex-médico, a PF tomou essa medida de precaução para evitar possíveis ataques de outros presos contra o detento famoso.
Também conhecido como "médico das estrelas", Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros - consumados ou não. Solto por decisão do STF, ele estava foragido desde 2011.
Quando questionado sobre a possibilidade de presos condenados por estupro sofrerem ataques sexuais na cadeia, Pimentel respondeu: "Pelo tipo do crime e pelo estado emocional dele, fizemos isso para evitar tentativas de violência [contra o ex-médico]. É um procedimento padrão."
Segundo ele, Abdelmassih estava ainda "emocionalmente um pouco abalado" quando chegou a Foz, na noite desta terça (19). Lá, dormiu na cela com um preso suspeito de contrabando. Nesta quarta-feira, foi transferido para São Paulo.
O delegado disse ainda que a PF fez vigílias durante a noite para checar se houve alguma violência contra ele e também para verificar o estado de saúde do próprio ex-médico, de 70 anos.
"Não é caso dele, mas cuidamos para ver como ele estava", disse o delegado, após ter sido questionado pelos jornalistas paranaenses sobre a possibilidade de ele ter tentado cometer suicídio.
O ex-médico Roger Abdelmassih foi transferido no final da tarde desta quarta-feira (20) para a penitenciária de Tremembé (a 147 km de São Paulo). Algumas vítimas acompanharam a chegada dele no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, e sua saída em direção à prisão.
"Agora ele foi, posso descansar. Ele olhou na minha cara, fiquei perto dele, e ele viu que não tenho medo. Que ele viva muito agora, que apodreça na cadeia, amargue todo dia. Espero que ele encontre alguém lá dentro que faça com ele o que ele fez com a gente", afirmou Ivanilde Serebrenic, uma das cinco vítimas que estavam no local.
O ex-médico, que foi preso no Paraguai nesta terça (19), foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometido contra 37 mulheres, e estava entre os dez criminosos mais procurados de São Paulo, com uma recompensa de R$ 10 mil para quem passasse informações que levassem a sua prisão.
No desembarque de Abdelmassih em Congonhas, as vítimas usaram palavras como "maníaco", "manipulador", "safado" e "criminoso" contra ele. Depois choraram e disseram que não dormiram nem comeram só para estar no aeroporto e ver a cara dele depois de preso.
"Agora começa o processo de cura. Mas vamos atrás de quem estava acobertando ele", disse Helena Leardini, uma das cinco vítimas que foi até o aeroporto."Ele reconheceu as vítimas quando chegou, mas diz que não é bem assim, que há exagero. Ele alega inocência e diz que vai reverter a situação. Mas chorou bastante lá dentro quando lembrou dos filhos", disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.
O caso
O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha de S.Paulo em janeiro de 2009.
Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.
As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas - sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.
Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".
Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.
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