A família de Paulo Gustavo de Freitas Turkiewicz, herdeiro da rede de lojas Disapel e que foi assassinado em 2003, vai recorrer da sentença que absolveu o terceiro acusado de envolvimento no crime. Depois de dez horas de julgamento, os jurados decidiram absolver Sebastião Cândido Gouveia, que era acusado de homicídio duplamente qualificado. Ele teria sido um dos agenciadores que contratou um pistoleiro para matar Turkiewicz.

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Segundo a irmã da vítima, Ana Cristina de Freitas Turkiewicz, a família ficou muito abalada com o resultado do julgamento. "Nosso advogado já falou que existe a possibilidade de recorrer da sentença e é o que vamos fazer. Ainda não conversamos com ele para saber quais as opções que temos", explica Ana Cristina. A decepção da família foi em relação às respostas dadas pelos jurados para as questões que definiram a sentença: se Gouveia participou e se era culpado pelo crime. "Não conseguimos entender, porque os jurados definem que ele participou do crime, mas não o consideram culpado. Achamos a decisão totalmente contraditória", diz.

Nas próximas semanas a família vai definir o tipo de recurso que cabe à decisão dos jurados.

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O julgamento

A sessão durou dez horas. No julgamento, uma testemunha – que foi secretária de Gouveia – foi inquirida por defesa e acusação. O réu também foi ouvido e negou participação no assassinato. Na ocasião, uma van bateu contra a traseira do carro que Turkiewicz dirigia, provocando um engavetamento. Apesar do veículo conduzido pela vítima ter ficado destruído, o herdeiro da Disapel saiu ileso.

O réu também confessou ter praticado crimes de estelionato e confirmou que usava nome e CPF falsos. A acusação apresentou um processo em que Gouveia era acusado de formação de quadrilha e de desvio de cargas roubadas em Joinville, em Santa Catarina.

Crime

Turkiewcz foi morto com três tiros na cabeça e um no tórax em abril de 2003, no estacionamento de uma academia de tênis localizada no bairro Santa Felicidade. Na época do assassinato, ele tinha 31 anos e havia casado há pouco mais de um ano.

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Segundo o Ministério Público, o advogado Guilherme Navarro Lins, que era amigo íntimo da vítima, seria o mandante do crime. Além de Gouveia, Rogério Juliano Gonçalves também teria participado da contratação do atirador, Altaídes Prestes Lemos, que teria consumado o assassinato.

O advogado teria pagado R$ 25 mil pela execução, a fim de acobertar o desvio de dinheiro feito para contas próprias – os recursos viriam do remanejamento do patrimônio restante da extinta Disapel, em grande parte remetido a contas no exterior.

Outra versão apurada na época das investigações é de que Turkiewicz, responsável pela massa falida das Lojas Disapel, teria participado das aplicações feitas no exterior e teria desviado R$ 2 milhões, o que teria irritado o advogado, cúmplice da fraude.

Réus condenados

Rogério Juliano Gonçalves, de 42 anos, foi o primeiro acusado a ser julgado, em 2008. Ele foi condenado a 12 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, mas teve a pena aumentada para 14 anos e 8 meses depois que a família da vítima recorreu da sentença. Gonçalves confessou que levou o pistoleiro Altaídes Prestes Lemos até o local do crime.

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Lemos foi julgado e condenado em 2009 a 21 anos de prisão. Ele foi acusado de homicídio duplamente qualificado, por crime hediondo, praticado sob encomenda e sem a possibilidade de defesa da vítima. No julgamento, ele foi apontado como o autor dos disparos que mataram a vítima. Os dois acusados aguardaram o julgamento presos. Já o julgamento de Guilherme Navarro Lins de Souza está marcado para o dia 4 de outubro. A sessão, no entanto, já foi adiada por três vezes. Ao longo deste período, Souza permanece em liberdade.

Sebastião Cândido Gouveia e o advogado Guilherme Navarro Lins de Souza aguardam o julgamento em liberdade. As audiências dos dois acusados já foram adiadas por, pelo menos, três vezes. Gouveia será julgado nesta quinta-feira (16). Já o julgamento de Souza deve acontecer no dia 4 de outubro.

Empresa

A rede de lojas Disapel, fundada na década de 1970, teve sua falência decretada em junho de 2000, ocasião em que contava com 81 filiais distribuídas nos três estados do Sul do país – 36 no Paraná, 20 em Santa Catarina e 25 no Rio Grande do Sul. As lojas foram levadas a leilão, e adquiridas por R$ 12,1 milhões pelo Ponto Frio.

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