Parentes dos jovens mortos a tiros no sábado (28), por quatro policiais militares, em Costa Barros, zona norte do Rio, foram recebidos na quarta-feira (2) na Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (Seasdh), pela secretária Teresa Cristina Cosentino, e receberam esclarecimentos sobre os procedimentos para o recebimento da indenização e ressarcimento das despesas com os funerais, dentro do Programa Estatal de Resposta a Vítimas de Violações de Direitos Humanos (Provítima),
O soldador Jorge Roberto Lima da Penha, de 48 anos, pai de Roberto de Souza Penha, de 16 anos, uma das vítimas, contou que as famílias informaram quanto gastaram com os sepultamentos e disse que não houve o ressarcimento pelo governo estadual, ao contrário do que chegou a ser divulgado: “Falaram que pagaram tudo e eu fui lá contestar. Levei os comprovantes. Só teve um velório que foi de graça, foi o do Cleiton [Cleiton Correa de Souza]”.
Além da secretária Teresa Cristina Cosentino, estavam presentes a subsecretária de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos, Andrea Sepúlveda, a superintendente de Defesa dos Direitos Humanos, Letícia Bravo, e a superintendente de Promoção da Igualdade Racial, Mara Ribeiro.
No encontro, segundo Jorge Roberto Lima da Penha, ficou acertado como será feito o acompanhamento psicológico às famílias. Ele disse que a mãe de Roberto, Joselita de Souza, vai receber o serviço em uma clínica no Grajaú, na zona norte do Rio.
O Palio branco em que estavam Roberto de Souza Penha, 16 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, 16 anos, Cleiton Correa de Souza, 18 anos, Wilton Esteves Domingos Junior, 20 anos e Wesley Castro Rodrigues, 25 anos, passou hoje por uma nova perícia no pátio da 39ª DP (Pavuna), responsável pela investigação do crime. Os peritos constataram que há 63 perfurações de balas no carro.
Eles analisaram também o carro da PM, usado pelos policiais envolvidos e encontraram dois furos na lataria. Uma perícia anterior constatou que não há possibilidade de ter partido qualquer tiro de dentro do veículo onde estavam os rapazes mortos.
Essa conclusão contradiz a versão dos policiais, de que houve troca de tiros. Também houve perícia na moto usada por dois amigos deles que moram na comunidade da Lagartixa, em Costa Barros. Na versão dos policiais, os dois passaram atirando, o que não foi comprovado.
Ainda na quarta, o juiz do Plantão Judiciário, Sandro Pitthan Espíndola, transformou em preventiva a prisão em flagrante dos policiais militares Thiago Resende Viana Barbosa, Márcio Darcy Alves dos Santos e Antônio Carlos Gonçalves Filho por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e fraude processual, além do policial Fábio Pizza Oliveira da Silva, também por fraude processual. Eles estão presos no Batalhão Especial Prisional (BEP) da PM, em Niterói, região metropolitana do Rio.
O pai de Roberto de Souza Penha e outros parentes dos mortos vão à Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, nesta quinta, às 14h. De acordo com o a Defensoria, sua entrada no caso tem “o objetivo de resguardar os parentes das vítimas e assegurar a devida reparação moral e criminal por parte dos autores e do Estado”.
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