Depois de conversas por telefone com a família de Carla Vicentini, desaparecida desde 9 de fevereiro em Newark, no estado americano de New Jersey, o Federal Bureau of Investigation (FBI) - a polícia federal dos EUA - resolveu desembarcar em Goioerê, região Centro-Oeste do Paraná e cidade natal de Carla, para conseguir novas informações que possam auxiliar na investigação do caso.

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O agente do FBI, Daniel Clegg, chegou ao aeroporto de Maringá, no Noroeste do estado, na manhã desta quinta-feira (16). No dia seguinte, por volta de 12h, Clegg e quatro agentes - dois da Interpol e os outros dois da Polícia Federal (PF) de Maringá - chegaram a Goioerê num carro preto, alugado, com placas de Curitiba.

Durante praticamente toda a sexta-feira eles ouviram cinco pessoas. A reportagem da Gazeta do Povo Online teve acesso somente a dois nomes: o empresário francês José Fernandes, 75 anos, que mora na cidade e que emprestou o apartamento para Carla; e a ex-mulher do estrangeiro - conhecida apenas como Néia. Com Fernandes, os agentes conversaram por duas vezes. O agente do FBI deixou claro que ninguém é suspeito e que conversou com pessoas que conhecem e que tiveram contato com a Carla - citando o empresário francês - dono do apartamento onde Carla morava - na Avenida Ferry Street em Newark, New Jersey. Novidades no casoClegg preferiu não entrar em detalhes sobre a conversa, alegando que a polícia americana trabalha em silêncio, mas adiantou que as entrevistas trouxeram novidades para o caso e que agora é possível "fechar algumas coisas", disse de forma evasiva. "Definitivamente a viagem foi válida. Fizemos aqui (Goioerê) o que chamamos nos EUA de 'vitimologia', ou seja, um estudo da vítima. Traçamos o perfil da Carla, que com certeza irá ajudar muito no decorrer das investigações", contou.

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Linha de investigaçãoA possibilidade de Carla estar sendo mantida presa em casas de prostituição já foi afastada pelo agente do FBI. "Isso existe nos EUA, mas até pelo perfil da Carla acredito que este não seja o caso", comentou. "Carla é extrovertida, inteligente, educada e não é fácil de se controlar", completou. Essa possibilidade era um dos receios da família.

Durante a visita do deputado federal paranaense Hermes Parcianello (PMDB), amigo pessoal da família, aos EUA, o parlamentar comentou que existem casos de meninas que ficam presas em casas de prostituição por até cinco anos e sem nenhum tipo de comunicação com o mundo. "Essas meninas não possuem vínculo nenhum, geralmente elas não têm família e são marginalizadas pela sociedade. Não seria lógico no caso da Carla", comparou Clegg.

Sobre a possibilidade de Carla ter sido levada para outro estado americano, o agente do FBI não descarta, mas acha difícil porque "os casos de pessoas desaparecidas vão para o MCIC (sigla americana que quer dizer Centro de Informações de Casos sobre Desaparecimento) - uma espécie de banco de dados que reúne todas as informações que a polícia dispõe", explica. "Como toda a polícia americana tem acesso a este banco de dados, acredito que já teríamos alguma pista se ela tivesse em outro estado", diz Clegg.

Perguntado sobre o que afinal pode ter acontecido com Carla, o agente diz que é cedo para falar qualquer coisa e que a polícia está trabalhando muito. "Além do FBI, a polícia de New Jersey e a PF estão no caso e só vamos descansar quando soubermos de fato o que aconteceu com a Carla". Apesar de não deixar claro, ao falar do americano que teria saído com Carla do bar - onde ela foi vista pela última vez - Clegg deixa a entender que a investigação mudou o rumo. "Quem fez o retrato falado deste rapaz foi a polícia de New Jersey, mas acho que agora nem é tão relevante assim como as pessoas pensavam no início".

Reviravolta no casoA reportagem teve acesso à informações de que durante o depoimento, os seguranças do bar teriam dito que viram quando Carla se despediu do americano e caminhou sozinha para casa. O que embasa a informação do agente do FBI de que o americano não é peça fundamental para a solução do caso da estudante paranaense.

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O agente do FBI informou que vai voltar a Goioerê em breve para mais entrevistas e que manterá contato com a brasiliense Maria Eduarda Ribeiro (Duda), que dividia o apartamento com Carla; com funcionários do bar onde Carla foi vista pela última vez, e, principalmente, com a família da estudante.

RecompensaO FBI e a polícia de Newark esperam receber informações que levem ao paradeiro de Carla o mais breve possível. Para isso, a polícia de Newark ofereceu uma recompensa de US$ 2 mil para quer tivesse pistas do paradeiro de Carla. Há pouco mais de uma semana, um empresário ítalo-americano - comovido com o caso - ofereceu mais US$ 3 mil de recompensa, totalizando US$ 5 mil - pouco mais de R$ 10 mil.

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