O deputado federal, recém-reeleito, Gustavo Fruet (PSDB-PR), acredita que a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara dos Deputados pode ressuscitar e fortalecer o grupo político do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - cassado pelo congresso depois do escândalo do mensalão. O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA) anunciou na quinta-feira que o partido apoiaria a candidatura do petista.
Nos bastidores é voz corrente que Zé Dirceu estaria articulando votos pró-Chinaglia. No seu blog, o ex-ministro questiona a candidatura da chamada 3.ª via e acusa meios de comunicação que estariam fazendo oposição à eleição do petista. "Com Chinaglia na presidência poderia, por exemplo, entrar em pauta a anistia do Zé Dirceu. Ou interferência no andamento do processo de investigação contra Professor Luizinho, João Paulo Cunha e Paulo Rocha. Todos suspeitos de envolvimento com escândalos e do grupo de Dirceu", disse Fruet.
Sobre o anúncio do apoio do PSDB a Chinaglia, Fruet acredita que a decisão não é definitiva, pois a bancada não foi consultada. "Não podemos nos pautar numa consulta por telefone. Foi um arranjo regional", explica. Fruet disse que foi consultado por Jutahy e que defendeu uma reunião da bancada para o debate aberto.
Perguntado sobre a preferência entre Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Chinaglia, Fruet foi taxativo. "O mal menor é o Aldo, embora eu tenha mais diálogo com o petista". Para o deputado paranaense, Aldo está pagando o preço pela lealdade ao presidente Lula. "O Aldo trouxe todos os escândalos para o congresso. Só os deputados foram investigados. O governo ficou de fora", diz.
O apoio do PSDB à candidatura de Chinaglia, segundo Fruet, já arranhou o partido. "Depois do anúncio do apoio já recebi mais de 100 mensagens criticando a postura do PSDB", comenta. O apoio à Chinaglia pode representar a complacência dos tucanos em aumentar os salários dos deputados, já que o reajuste foi um compromisso assumido pelo petista. "Isso será inevitável. A reação será instantânea", completou Fruet.
O apoio pode representar ainda, na opinião de Fruet, uma ameaça à democracia. "Quem vai fazer o papel de oposição? O povo elegeu o PSDB para esse cargo. Alinhando com o governo, fica mais difícil se opôr", explicou.
Na próxima terça-feira, Fruet e outros deputados, cerca de 10 a 12, se reúnem em Brasília para avaliar o anúncio do apoio ao petista. "Não podemos ficar na inércia. Temos cerca de 18 dias para discutir com mais profundidade. O que não pode é nem o Aldo nem o Chinaglia falar em reforma tributária, fim do voto secreto, transparência dos gastos da Câmara e a recuperação da imagem do congresso frente a opinião pública", disse.
Prefeitura de Curitiba 2008
Deixando a presidência da Câmara de lado, Fruet comentou a corrida para as eleições municipais de 2008. O deputado acredita que o nome de Beto Richa para a reeleição é natural e que acha difícil o prefeito não concorrer. "Todos sabem que sempre quis ser prefeito em Curitiba, mas não cogito isso agora. Meu desafio é para 2010 quando pretendo me eleger para cargo majoritário. Senado ou governo estadual", adiantou Fruet.
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