Na última segunda-feira (2), a Cidade do México registrou 161 pontos de concentração de ozônio. O limite é de 150 pontos, mas o desafio de conter a poluição não é de agora. Remete às décadas de 80 e 90.| Foto: Ronaldo Schemidt/AFP

Desde o início do mês de abril, os moradores da  Cidade do México estão andando de metrô e trólebus (ônibus elétrico) de graça. A medida foi tomada com o objetivo de baixar rapidamente os níveis de ozônio na capital mexicana, que em março estavam em mais que o dobro da quantidade recomendada. Como condicionante para usar a passagem grátis, os moradores teriam de deixar o carro em casa ao menos uma vez por semana, mas dados divulgados na última segunda (2), em que a concentração de ozônio estava 161 pontos (acima do limite de 150) nas áreas centrais e sul da cidade, fizeram a Secretaria de Mobilidade da capital mexicana apertar ainda mais o cerco aos automóveis. Se até então o programa “Hoje não circula” tinha conseguido reduzir a frota em circulação em 20%, ainda na terça-feira (3) a meta foi dobrada.

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Além disso, as corridas de táxis estão sendo subsidiadas e estão saindo por praticamente a metade do preço. A exceção são os servidores públicos, que podem usar o carro em qualquer dia da semana desde que adotem a prática da carona solidária. Nas horas de maior contaminação (entre 13h e 19h local), o governo recomenda que crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios e cardiovasculares permaneçam no interior de imóveis, e que a população em geral se abstenha de praticar esportes.

Além das soluções para a redução da circulação de veículos, as indústrias da zona metropolitana também estão sendo obrigadas a reduzir entre 30% e 40% suas emissões na atmosfera – e estão sendo fiscalizadas para isso.

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Todas essas medidas devem vigorar até o dia 30 de junho. Espera-se que até lá a qualidade do ar tenha melhorado, mas o desafio da poluição não é algo de agora na Cidade do México.

A megalópole mexicana já foi rotulada, nas décadas de 1980 e 1990, como a cidade mais poluída do mundo, com até 404 pontos de concentração de ozônio – e, basicamente, por culpa dos automóveis. Uma série de soluções adotadas de lá para cá – da implantação de um sistema de inspeção veicular ao investimento em outros modais de transporte –ajudaram a amenizar essa realidade, mas o desafio parece estar ressurgindo.

Na capital mexicana e na sua zona metropolitana circulam diariamente cerca de 5,5 milhões de veículos. Só em 2010, a contaminação ambiental causou a morte de 20.500 pessoas em todo o México, segundo o último Informe Nacional de Qualidade do Ar de 2013.

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O alerta de março último foi o primeiro em 13 anos.

Custo

As restrições à circulação de automóveis na Cidade do México já custou 308 milhões de dólares aos cidadãos e comerciantes, segundo a Câmara de Pequeno Comércio, Serviços e Turismo da Cidade do México. De acordo com a entidade, a restrição à circulação de veículos “obviamente não resolve o problema, gera custos altos para a população e enfraquece a atividade econômica da cidade”.

A entidade também critica o fato de o limite da concentração de ozônio que serve como gatilho para a deflagração de alertas ter sido reduzido pela Comissão Ambiental Metropolitana de 190 para 150 pontos entre os meses de abril e junho, com o argumento de que as elevadas temperaturas e o vento escasso registrados na época de seca fomentam a contaminação.

Para a câmara, a principal fonte da contaminação é a corrupção que prevalece nos centros de verificação veicular, que permite a circulação de muitos automóveis que não cumprem as normas.

Por tudo isso, os comerciantes da entidade pediram, em comunicado ao governo da Cidade do México, que a cidade amplie as opções de transporte público, que hoje são insuficientes para a área metropolitana da capital, que tem mais de 20 milhões de habitantes.

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