Cinco anos após o lançamento do ligeirão, ônibus de 28 metros que opera em Curitiba, a sueca Volvo apresentou mais um veículo que promete ser o “maior ônibus do mundo”. Batizado Gran Artic 300, o modelo tem 30 metros de comprimento, capacidade para 300 passageiros e foi lançado nesta quinta-feira (24) na Fetransrio, no Rio de Janeiro. O novo biarticulado faz parte da estratégia da empresa de repensar o sistema lançado há quatro décadas, na capital paranaense, e construir um BRT do futuro”. O novo veículo inclusive foi planejado e deve ser produzido na planta curitibana da empresa.
Ainda não há previsão para o ônibus começar a operar. A comercialização vai depender da demanda apresentada por municípios. Mas o presidente da Volvo Bus na América Latina, Fabiano Todeschini, revelou que a empresa pretende implantá-lo no TransBrasil, sistema que deve atender a região da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, que tem previsão de iniciar as operações até o fim de 2017. “Queremos ter no Rio para as pessoas virem ao Brasil conhecer o maior ônibus do mundo, que também foi criado no Brasil”.
Além do biarticulado de 30 metros, a empresa lançou um novo articulado, com 22 metros de comprimento e capacidade para até 210 passageiros. O novo “ligeirinho” tem apenas um metro a mais do que sua versão anterior, mas transporta até 30 pessoas a mais, segundo a fabricante. Além de ter uma porta a mais, o que facilita o desembarque dos passageiros. “Para o sistema, isto é um ganho em tempo de viagem”, explica o especialista em mobilidade urbana da Volvo, Ayrton Amaral.
A lógica é de que os carros maiores, embora mais caros, são econômicos ao longo prazo. A Volvo teve que investir em tecnologia para aumentar a capacidade de carga sem aumentar o número de eixos do veículo. Carregar mais passageiros em menos tempo torna o sistema eficiente. Além de permitir, em alguns casos, uma redução no tamanho da frota, sem afetar, necessariamente, o serviço.
Os novos veículos integram uma estratégia da empresa para revitalizar o BRT, em um contexto em que palavras como VLP e VLT (veículo leve sobre pneus e trilhos, respectivamente) emergem no imaginário brasileiro como alternativa de transporte. E a estratégia é justamente voltar às origens: usando a cidade de Curitiba como vitrine.
Inspiração para o modelo BRT, a cidade sofre desde 2011 com sucessivas queda no número de passageiros de seu sistema desde 2011. Em 2012, a prefeitura conseguiu com o governo federal a criação de uma linha de metrô, com direito a repasse de R$ 1,8 bilhão a fundo perdido. Mas o projeto não andou, nos últimos quatro anos, e o prefeito eleito, Rafael Greca (PMN) ,já foi a Brasília tentar redirecionar a verba para outros projetos de mobilidade.
O BRT 2.0 da Volvo ganhou o nome de Civi (sigla em inglês que significa algo como “veículo interconectado com a cidade”). O projeto já foi apresentado à prefeitura de Curitiba em uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) criada para receber propostas do mercado de inovação em eletromobilidade. A PMI recebeu ainda outras duas propostas, um de VLP e outro de ônibus 100% elétrico.
“Evolução do BRT”
A ideia é revitalizar e ampliar o sistema de canaletas da cidade, com a instalação de estações-tubo interconectadas, e com a substituição progressiva dos veículos atuais por modelos híbridos elétricos. Além disso, o projeto prevê estações subterrâneas em um trecho de quatro quilômetros na Linha Norte a Sul, entre o Shopping Estação e o Clube Curitibano. No trecho, que fica na região central da cidade, seria difícil garantir para os ônibus a preferência nos cruzamentos e integração semafórica, o que é um dos pilares para a eficiência dos BRTs.
Com terminais e estações equipados com fibra ótica, ônibus ligados à rede de dados e um novo Centro de Controle e Operações (CCO), a empresa acredita que pode tornar o sistema mais eficiente, com a geração de uma grande quantia de dados que pode ser aproveitada, inclusive, pelo passageiro, com aplicativos de smartphone que informem o horário das linhas em tempo real, por exemplo.
A Volvo ainda promete agilidade e baixo custo no projeto. A ideia é que cada eixo tenha um período de implantação de dois anos. “Não ficamos mais do que duas semanas na mesma quadra”, promete Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Bus na América Latina.
Como a ideia é estabelecer uma parceria público-privada, a maior parte dos custos de implantação viria da própria iniciativa privada, por exemplo com a exploração comercial de shoppings ou lojas dentro das estações. A previsão é de que a contrapartida da prefeitura fique em cerca de R$ 25 milhões, ao fim de 25 anos. O custo total da implantação é estimado em pouco mais de R$ 2,8 bilhões.
Os planos para Curitiba dependem da negociação com o poder público. A prefeitura ainda não divulgou o resultado final da PMI e a decisão deve ficar na mão do próximo prefeito. De qualquer forma, o novo BRT é um modelo que a empresa pretende utilizar em outras cidades da América Latina, tanto nas que já tem sistemas de BRT, quanto nas que estudam a criação de um transporte de massa.
*A repórter viajou a convite da Volvo.
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