A prefeitura de Curitiba lançará, nas próximas semanas, uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) para três linhas de eletromobilidade na capital. Essa etapa tem sido utilizada por gestores como uma espécie de pré-edital, no qual o mercado aponta a viabilidade técnica do projeto e caminhos para o edital definitivo. As soluções mais comuns nesse campo têm sido de Veículos Leves Sobre Trilhos (VLT) ou Pneus (VLP). Elas são apontadas como opções de mobilidade menos poluentes para transporte de média capacidade.
A consulta será aberta para três rotas distintas: do bairro Cachoeira à Rodoferroviária; da Rodoferroviária ao Aeroporto Afonso Pena; e do Pinheirinho ao Atuba, na Linha Verde. Os dois primeiros são resultado de um projeto pensando pelo escritório do arquiteto e ex-prefeito Jaime Lerner. Mas a implantação na Linha Verde, por ter uma infraestrutura adiantada, é vista como a como a “primeira da fila”, segundo o secretário do Planejamento, Fábio Scatolin.
TENDÊNCIA
Diversas cidades ao redor do mundo têm apostado na solução de veículos leves, mas a opção mais comum é sobre trilhos. Medelin, na Colômbia, é a única cidade da América do Sul a ter o sistema sobre pneus. Já o VLT está presente em mais de 20 cidades francesas e também em cidades como Dublin, na Irlanda, e Barcelona, na Espanha, e Porto. O Rio de Janeiro irá inaugurar neste mês seu VLT entre a Rodoviária Novo Rio e o Aeroporto Santos Dumont. Serão 28 Km de extensão e 32 paradas. E a prefeitura já publicou edital de concorrência para uma PMI com o objetivo de levar o modal até a zona sul. As cidades de Santos e São Vicente também já ganharam um sistema no início deste ano.
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“Esse traçado é o mais próximo de se concretizar porque já tem boa parte da infraestrutura pronta. As canaletas devem chegar até o Atuba já nos próximos meses“, afirmou Scatolin. Com essa infraestrutura pronta, segundo o secretário, o projeto nessa rota custasse algo em torno de R$ 300 milhões.
Em 2013, um projeto de VLP traçado pelo escritório do ex-governador Jaime Lerner já havia sido encaminhado pela gestão Gustavo Fruet ao Governo Federal. As rotas propostas naquela ocasião eram a do bairro Cachoeira ao centro e dali para a Avenida Marechal Floriano Peixoto. Naquela ocasião, o custo estimado dessas duas fases era R$ 950 milhões. Somando ao custo da Linha Verde, esse projeto poderia então superar R$ 1,250 bilhão.
A fonte desses recursos ainda não foi divulgada pelo município, mas Scatolin garante que o projeto não depende do R$ 1,8 bilhão que o governo federal havia prometido para o metrô. “Nada impede de buscarmos o recurso do metrô. Mas sendo franco, não precisará”, disse o secretário, afirmando que o projeto de eletromobilidade é complementar ao metrô. A Comissão de Gestão de Parcerias Público-Privada da prefeitura irá se reunir na próxima quinta-feira (14) para sacramentar o lançamento da concorrência para a PMI da eletromobilidade.
Capacidade
Em termos de capacidade, o VLT ou VLP é uma solução de transporte próxima a que já existe na Linha Verde. Mas a ideia da prefeitura é apostar na eletromobilidade, reduzindo a emissão de poluentes na atmosfera causada pelos veículos a diesel do sistema BRT.
Na média, sistemas de BRT são estruturados para atender entre 10 e 45 mil passageiros por hora/sentido dependendo da quantidade de carros. Na Linha Verde, o BRT transporta apenas 31 mil pessoas por dia. Mas a prefeitura projeta um aumento nessa demanda depois de concluídas as obras na região. A ideia é que o novo sistema transporte até 100 mil passageiros por dia.
Projeto do metrô segue parado
O eixo sul de Curitiba é o de maior demanda da cidade. Exatamente por isso, é ali que se pretende implantar o metrô – transporte capaz de carregar até 80 mil passageiros por hora/sentido. Mas enquanto o projeto metroviário segue como incógnita, os passageiros do ônibus seguem em um sistema no limite da sua capacidade. Atualmente, o BRT Santa Cândida-Capão Raso transporta 260 mil passageiros por dia nesse eixo.
O metrô é prometido para Curitiba há mais de dez anos e a atual gestão chegou a publicar um edital, mas paralisou o processo no ano passado por conta de um impasse financeiro. Em agosto, a prefeitura pediu ao Governo Federal R$ 463 milhões a mais do que o R$ 1,8 bilhão prometido pela União. O objetivo era cobrir a inflação acumulada no período em que o executivo teve de rever o edital após sugestões do Tribunal de Contas do Estado. Mas a União informou que não haveria mais dinheiro. Sem a repactuação, o edital empacou e o projeto segue sem um novo prazo para sair do papel.
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