Em Londres, um esforço para identificar as ruas inseguras para quem anda de bicicleta está gerando novos dados e olhares sobre locais e rotas mais perigosos para cicloativistas e governo. Na semana passada, 500 ciclistas começaram a circular pela cidade com um botão no guidão, que pode ser apertado sempre que eles se sentem inseguros, frustrados ou nervosos com o percurso. O botão entrega uma mensagem para um aplicativo que localiza os pontos perigosos em um mapa e alerta, via e-mail, o prefeito, lembrando-o do compromisso de proteger os ciclistas. A campanha é chamada de Give a beep! (algo como “dê o alerta”).
“Andar de bicicleta poderia ser mais a escolha das pessoas em Londres. Mas as pessoas estão indecisas porque se sentem em um ambiente inseguro”, afirma Fredrik Carling, CEO da Hovding, marca sueca de equipamentos para bicicleta que fornece o botão e ajudou a criar a campanha. “Nós estamos ficando para trás em infraestrutura, cultura e experiência quando o assunto são esses ciclistas”.
Hovding é conhecida principalmente pelo seu capacete para ciclistas, nada mais que um airbag que abre e infla ao redor do pescoço em caso de colisão. Desde 2012, quando o equipamento foi lançado, a empresa já vendeu 25 mil deles. O botão agora em teste foi distribuído com a ajuda da Campanha Ciclista de Londres, que recebeu 750 pedidos para os 500 botões então disponíveis.
“Definitivamente, isso capturou a imaginação das pessoas”, diz Amy Summers, ativista que coordena a Campanha Ciclista de Londres e vem conversando com prefeitos e autoridades de outros lugares do globo, interessados em implantar campanhas similares. “Eu acredito que essa possa ser uma ferramenta muito útil em outras cidades como forma tornar o modal mais seguro e melhorar a qualidade das estrutura viária.”
Em uma semana, o mapa colaborativo já localizou mil pontos com condições inseguras em Londres. Summers frisa que quase não há relatos sobre circunstâncias inseguras ao longo das estradas com ciclovias protegidas, que incluem barreiras para separar fisicamente os ciclistas de outros veículos – o que pode ser mais um indicativo de que esse formato realmente funciona.
Hovding, que não planeja cobrar pelos botões, está interessada em distribui-los em outras cidades, desde que encontre também parceiros de boa reputação nas comunidades para levar a ideia adiante e ajudar a distribuir o equipamento aos ciclistas locais. “ Se acreditarmos que andar de bicicleta é um dos principais meios de transporte do futuro – e muitas pessoas acreditam que é –, então precisamos tornar o trânsito seguro não só para quem andar de carro, mas também que está sobre as calçadas e bicicletas”, ressalta Carling.