Sem patrocínio nem prefeitura. Uma startup nascida em Porto Alegre quer compartilhar bicicletas de pessoas e para pessoas. A lógica do weBike é similar a dos sistemas em vigor em cidades como São Paulo e Fortaleza. Por um preço módico, o sujeito pode retirar a bike em uma estação e devolver em outra. A diferença é que são os próprios donos que emprestam as bicicletas, em troca de manutenção constante. As estações são pontos do comércio credenciados no sistema.
A ideia surgiu da necessidade. Interessados em empreender, um grupo de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se deu conta que o curto trajeto entre os câmpus – separados pelo Parque Farroupilha – chegava a trinta minutos. Eram voltas com o carro, congestionamento e busca por uma vaga para estacionamento (ou meia hora caminhando). De bike, são menos de dez minutos. Os alunos abandonaram a ideia de investir em energia solar para abraçar a mobilidade, e assim surgiu o weBike, no final de 2015.
Cidades tentam compartilhar bicicletas há 50 anos
Leia a matéria completaHoje as bicicletas ficam em empreendimentos parceiros na região central de Porto Alegre, como espaços de coworking, bares, cafés e hostel. São os “wePoints”. O cadastro de usuários e postos de coleta é feito pela internet, no site da startup. O usuário paga R$ 10 por dia ou R$ 30 por ter acesso às bicicletas de forma livre.
O próximo passo é ganhar escala: levar para a cidade toda e para fora de Porto Alegre. Para isto, o weBike quer lançar em breve um app de celular , que já está disponível para um grupo de testes. O aplicativo deve facilitar a vida do usuário e aumentar a segurança do sistema, com um maior controle das pessoas cadastradas. Outra ideia é criar um cadeado digital, que possa ser desbloqueado pelo aplicativo. A previsão é ter um protótipo no fim do ano e produzir a primeira leva no início de 2017, com financiamento de crowdfunding, pela internet.
Em médio e longo prazo, a ideia é ter um sistema sustentável. O próprio dinheiro dos aluguéis deve custear a produção de novos cadeados. Com maior segurança, a tendência é conquistar novos adeptos, tanto usuários como wePoints, aposta Lorenço Boettcher, um dos idealizadores do projeto. Donos de bicicleta e wePoints não lucram. Se a bicicleta for roubada, a startup repõe com outra, no valor de R$ 600. Não houve nenhum roubo até agora.
“O modelo [de compartilhamento] que existe hoje precisa de uma injeção de dinheiro de fora para conseguir ser sustentável. O nosso não depende de poder público e pode ser aplicado em qualquer lugar”. Esta flexibilidade pode levar o compartilhamento de bicicletas a cidades pequenas, de interior, defende Boettcher.
E se você pudesse marcar ruas inseguras através de um botão na bicicleta?
Leia a matéria completaModelo “tradicional”
Porto Alegre, onde a startup surgiu, tem um sistema de bicicletas compartilhadas desde 2012, quando surgiu o Bike POA. A iniciativa é do município, e a administração, de uma concessionária. Começou em caráter experimental, com 40 estações e 400 bicicletas. Hoje, há 28 pontos de locação (os demais foram desativados por vandalismo e falta de segurança). Com a licitação definitiva, feita em maio deste ano, a previsão é chegar a 41 estações operantes até setembro.
“Foi um desafio [conseguir esta licitação], porque o sistema só é possível se há um patrocinador, o que em tempos de crise é complicado. Conseguimos garantir e pelos próximos cinco anos teremos um sistema de pelo menos 400 bicicletas e com várias melhorias, como wifi nas estações e possibilidade de usar cartão magnético [para retirar as bicicletas]”, explica a coordenadora de Projetos Especiais da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre, Alessandra Both.
O Bike POA é administrado pela Serttel, empresa que administra sistemas semelhantes em diversas cidades brasileiras, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo (onde tem apoio do banco Itaú ) e Fortaleza (com patrocínio da Unimed). Neste modelo, o patrocínio custeia a infraestrutura e barateia o custo para o usuário. Em Porto Alegre o aluguel é de R$ 5 por dia ou R$ 10 por mês. As viagens devem ser de 60 minutos, com intervalo de 15 minutos entre cada uma delas. Quem ultrapassar o período paga R$ 5 por hora excedente. O desbloqueio de bicicletas é feito por telefone ou aplicativo de celular.
“AirBnb da bike”
Há outras redes de aluguel de bicicletas disponíveis na internet, mas com um modelo diferente do adotado pelo WeBike. São plataformas no estilo AirBnb (que permite à pessoa comum alugar a própria casa ou quarto para turistas e viajantes). O preço geralmente é um pouco maior, e o aluguel é por diária. A vantagem é ter a bicicleta à disposição, sem precisar devolvê-la a uma estação. Também é uma alternativa para usar uma mountain bike ou bicicleta de corrida, que em geral são mais caras e a compra não compensa para o ciclista eventual.
No Brasil, a ideia ainda é pouco popular. Em Florianópolis, há o Everbike. Um projeto homônimo ao WeBike tentou fazer o mesmo em Blumenau, mas apenas lançou o aplicativo em formato beta. O estrangeiro Spinlister também têm usuários brasileiros. Além de bicicletas, o site oferece aluguel de pranchas de surfe e snowboard. O serviço está disponível em mais de 65 países, com foco na Europa e América do Norte. Além do cidadão comum, o Spinlister aposta em comerciantes que já trabalham com aluguel de bicicleta e oferecem um preço vantajoso a quem aluga pelo site.
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