Com um projeto de comunidade autossustentável para a Vila Torres, estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) receberam uma menção honrosa do braço da ONU para habitação, a UN-Habitat, no concurso “Pensar a Moradia, vivendo a cidade”. A premiação, que é voltada a alunos da América Larina e do Caribe, foi divulgada no último dia 14 deste mês, em Córdoba, na Colômbia.
A ideia do projeto é criar na região da Vila Torres um espaço urbano onde seja possível, morar, produzir e consumir por meio da economia circular. Isso seria atingido com a implantação da agricultura urbana dentro do conceito de Continuous Productive Urban Landscapes (CPUL), que pressupõe introduzir a produção do campo dentro das cidades ao conectar espaços públicos e privados através da produção de alimentos. Segundo os autores, esse processo “permite reduzir deslocamentos e gastos bioenergético”.
Vilas autossuficientes são aposta para driblar as cidades do futuro
Leia a matéria completaNo projeto, os alunos disseram acreditar que será possível melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem na Vila Torres ao melhorar aquele local “sem que haja um processo de remoção e de gentrificação”. A proposta também prevê a recuperação ambiental do Rio Belém e seu entorno (veja mais fotos do projeto)
Os estudantes citam ainda uma incômoda aparição de Curitiba em um ranking da ONU para justificar a escolha da cidade. Em 2010, a capital paranaense apareceu junto a outras quatro cidades brasileiras entre os 20 municípios mais desiguais do mundo. Isso ocorreu “apesar de [de Curitiba] ter conquistado relativa relevância mundial pelos seus projetos urbanísticos e ambientais implementados nas últimas décadas do século 20”, reforçam os estudantes. A Vila Torres está distante apenas 3 quilômetros do valorizado centro da cidade.
Segundo a professora orientadora do projeto Cristina de Araújo Lima, os alunos pensaram em uma solução que traga diversidade econômica, social e de gênero. “Eles escolheram a Vila Torres porque é um espaço que requer um tratamento se pensarmos em uma cidade mais inclusiva e democrática. Mas poderia ser também qualquer espaço subutilizado que precisa de recuperação”.
O projeto dos alunos André da Soler, Gustavo Cândido de Jesus Paris, Julia Brasil Queiroz, Letícia Domingos Velozzo, Luca de Rossi Fischer, Lucas de Carvalho Turmena e Mônica Alessandra Guerios agora será apresentado e discutido na 3.ª Conferência da ONU sobre Moradia (Habitat III), no próximo mês de outubro, em Quito, no Equador. O evento é fundamental porque nele será pactuada a nova Agenda Urbana para o desenvolvimento das cidades em todo o mundo.
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