A assessoria de imprensa do governo do estado do Rio confirmou que o governador Sérgio Cabral pediu a exoneração do major Oderlei Santos, do cargo de relações públicas da Polícia Militar.
Cabral considerou desrespeitosa a declaração que o major deu em entrevista à Globo News na quinta-feira (22). O major disse que os policais militares que não socorreram e liberaram os supostos assaltantes que assassinaram o coordenador social do AfroReggae, Evandro Silva, cometaram um "desvio de conduta".
PMs alegam não ter visto coordenador do AfroReggae
Os dois policiais militares suspeitos de ter omitido socorro ao coordenador do AfroReggae, Evandro João da Silva, de 42 anos, morto em assalto no fim de semana, no Centro do Rio, alegaram que não viram a vítima. As informações são da comandante do 13º BPM (Praça Tiradentes), tenente-coronel Edite Bonfadini.
O crime aconteceu na madrugada de domingo (18) na Rua do Carmo, esquina com Rua do Ouvidor, e está sendo investigado por agentes da 1ª DP (Praça Mauá). Imagens feitas por câmeras de segurança de estabelecimentos da região registraram o crime.
A comandante não revelou detalhes sobre o depoimento prestado pelos dois policiais. O capitão Denis Leonard Nogueira Bizarro e o cabo Marcos de Oliveira Sales estão presos desde quarta-feira (21) e devem permanecer detidos por até 72 horas no 13º BPM, onde trabalham. Um inquérito militar foi aberto para investigar a conduta dos militares.
Em entrevista ao G1, o coordenador executivo do AfroReggae, José Junior, disse que está confiante de que o caso será resolvido em breve. "Os PMs já estão presos, mas a gente não pode perder o foco que é prender os bandidos, porque não foram os policiais que mataram. Agora é ir atrás dos bandidos", declarou.
No início da tarde desta quinta, o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, pediu desculpas à família pela omissão de policiais durante o crime. Ele lamentou, ainda, a atitude dos militares, e garantiu que na conclusão do IPM (Inquérito Policial Militar), será pedida a prisão preventiva dos dois policiais suspeitos.
"A Polícia Militar está solidária com a família, já que havia uma pessoa agonizando. Não vamos permitir qualquer desvio de conduta. Nosso sentimento é de total indignação e solidariedade com a família. É ruim saber que policiais erram. Eles são preparados para agir em situações mais difíceis e agir nas ruas reprimindo delitos. É o que se espera deles", disse.
A polícia divulgou nesta quinta-feira (22) um retrato falado de um dos suspeitos de matar Evandro. Segundo a Polícia Civil, a imagem foi confeccionada com base em informações passadas pelos Policiais Militares.
Homenagem
Na noite de quarta (21), Evandro foi homenageado durante um evento do AfroReggae, no Centro. O coordenador executivo do grupop, José Junior, comentou a morte do colega e a ação dos policiais.
"Choca ver uma pessoa que era um mediador de conflitos, um cara que morou na favela, um cara que só fazia o bem ser assaltado, roubado e morto da maneira que foi. Me choca a polícia não ter prestado serviço, socorro. Me choca a polícia não ter prestado socorro. Isso me chocou muito", declarou.
José Júnior informou que tem estado em contato com a Polícia Civil para se atualizar sobre as investigações do crime. "A nossa relação toda está sendo com a Polícia Civil. A Polícia Militar oficialmente não nos procurou ainda e, se nos procurar, nos vamos dialogar", concluiu.