Caso de repercussão mais recente foi o de ofensas racistas contra a atriz Taís Araújo| Foto: Reprodução/

Desde a inauguração, em 2011, de uma ouvidoria específica para receber denúncias de racismo e injúria racial, 2.165 casos já foram relatados ao Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. O número vem crescendo a cada ano: 219 episódios em 2011; 413 em 2012; 425 em 2013, e 567 em 2014, o que representa um aumento de 158% durante o período. Este ano, até outubro, foram atendidos 541 denunciantes. Para o secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Ronaldo Barros, é fundamental que as vítimas se manifestem, assim como a atriz Taís Araújo. Na noite de sábado (31), ela foi alvo de comentários racistas em uma postagem no Facebook e escreveu um longo texto contando o que havia acontecido. A Polícia Civil vai ouvir a atriz e abriu um inquérito para identificar os responsáveis.

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“É importantíssimo que os casos cheguem à ouvidoria e aos órgãos competentes (de investigação). Racismo é crime e não pode ser tolerado, seja nas redes sociais, no supermercado ou no shopping. Que a atitude da Taís Araújo sirva de referência para todos aqueles que se sintam violados em questões relacionadas aos direitos humanos”, afirmou Barros.

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Atualmente, a atriz está na televisão com o seriado Mister Brau e em cartaz em São Paulo com a peça O topo da montanha, que retrata a história de Martin Luther King, líder na luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Em ambos os trabalhos, ela atua ao lado do marido, Lázaro Ramos, que na segunda-feira (2) citou indiretamente o episódio após o fim da sessão: “Essa peça fala de respeito e afeto. O bastão agora está com vocês”. Outro personagem marcante na carreira de Taís foi a escrava, depois alforriada, Xica da Silva, na novela de mesmo nome. No fim da noite de domingo, a atriz citou as manifestações de apoio que recebeu nas redes sociais após denunciar o caso. “Eu quero ser para sempre todos vocês que me emocionaram hoje. #SomosTodosTaisAraujo”. Em outra mensagem, chamou a sociedade de “linda” e disse que “alguns poucos não nos representam”.

Para Ronaldo Barros, as situações que envolveram a atriz e a apresentadora Maria Júlia Coutinho, a Maju, vítima de comentários racistas nas redes sociais, em julho, acenderam o alerta. Segundo ele, são indicativos de que outras pessoas, menos conhecidas, podem sofrer com manifestações preconceituosas ainda mais agressivas. A ouvidoria recebe as denúncias por e-mail e no telefone (61) 2025-7001.

“São casos contra pessoas de referência nacional, então imagina quem não tem esse reconhecimento. O resto da população é mais vulnerável”, diz o secretário, defensor das ações afirmativas. “Quando todos estiverem em situações equiparadas, as pessoas não vão mais estranhar que um negro esteja fazendo sucesso”.

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Maju: ‘os cães ladram, mas a caravana passa’

A jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, usou o Twitter para se posicionar sobre os comentários racistas direcionados à atriz Taís Araújo. “Linda, sexy, talentosa. Os cães ladram, mas a caravana passa. #SomosTodosTaisAraujo”. Em outra postagem, publicou um link para um vídeo do YouTube da música “Blues da piedade”, cantada por Cazuza e Sandra de Sá. “Vamos pedir piedade/Senhor, piedade/Para essa gente careta e covarde/Lhes dê grandeza e um pouco de coragem”, diz o refrão.

Em julho, Maju foi alvo de racismo na página do Jornal Nacional no Facebook e em seu perfil no Twitter. A jornalista respondeu com ironia a um internauta que fez um comentário agressivo: “beijinho no ombro”, escreveu.