A Secretaria de Segurança da Bahia registrou 180 homicídios durante os 12 dias de greve da polícia militar no estado, uma média de 15 mortes por dia. O balanço levou em consideração os dados registrados até as 21h de sábado, logo depois da assembleia realizada no Ginásio do Sindicato dos Bancários, no centro de Salvador, que pôs fim ao movimento.
Durante a paralisação, 402 veículos foram roubados. Apesar do fim da greve, na manhã deste domingo, vários veículos do Exército e soldados das Forças Armadas ainda podiam ser vistos circulando pelas ruas de Salvador.
O comando da greve dos policiais militares da Bahia informou, em nota divulgada no fim da noite de sábado, que, apesar de não terem as reivindicações atendidas, consideram o movimento vitorioso por ter mostrado a insatisfação da categoria com os baixos salários e o tratamento dado pelo governo baiano.
"O fim do nosso movimento não significa nem que aceitamos a proposta do governo, nem que encerramos a nossa luta. Ela continua, por melhores condições de trabalho e respeito", destacou a categoria na nota.
O texto ressaltou ainda que os policiais demonstraram amadurecimento, ao evitar entrarem em confronto com o Exército e negociar o cumprimento das determinações do Poder Judiciário. Segundo a nota, os grevistas entenderam que não poderiam prejudicar ainda mais a sociedade e encerraram o movimento.
Os policiais que ficaram parados até quinta-feira serão anistiados e não receberão punição administrativa. A assessoria do governo do estado, no entanto, informou que a situação de 12 líderes do movimento que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça não depende mais do governador Jaques Wagner, mas dos tribunais.
Em nota, a Secretaria de Comunicação do estado informou que não mudou a proposta em relação ao apresentado nos últimos dias. O governo continua a oferecer reajuste de 6,5% retroativos a janeiro e fevereiro, mais a incorporação gradual de gratificações até 2015. Os ganhos, segundo a secretaria, chegarão a 38,89% para soldados e a 37,11% para sargentos. O projeto de lei será enviado à Assembleia Legislativa esta semana.
A Secretaria do Comunicação do governo baiano alegou ainda que os grevistas conseguiram avanços. Isso porque o estado concordou em incorporar dois tipos de gratificação aos salários dos policiais, em vez de apenas um tipo, como estava acertado antes do início da paralisação.
Bombeiros do Rio adiam assembleia para definir rumos da greve
Os bombeiros do Rio, que estão em greve desde a noite da quinta-feira, adiaram neste domingo (12) a assembleia para debater os rumos do movimento. A passeata de protesto, que estava prevista para percorrer a orla de Copacabana, também foi suspensa. O ato era um repúdio contra a prisão dos líderes grevistas, entre eles o cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo, preso a noite de quarta-feira.
Segundo Cristiane Daciolo, mulher do cabo, o cancelamento foi em razão do 'luto' pelas prisões. Diferentemente do ano passado, quando a população apoiou a greve, usando fitinhas vermelhas que eram distribuídas pelo comando grevista, durante o protesto deste domingo não houve qualquer participação de apoio por parte dos banhistas que estavam na praia.
Uma nova reunião foi marcada para segunda-feira, às 11h, com representantes da Comissão de Diretos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj) e da Defensoria Pública para tentar negociar o relaxamento das prisões. Ainda na segunda-feira, eles realizarão nova assembleia para definir os rumos do movimento.
Cerca de 150 bombeiros participaram do ato. Um ônibus especial, com placa de Niterói, levou parte dos manifestantes, a maioria deles mulheres e jovens. Uma kombi do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) levou faixas e cartazes para o protesto. Após o protesto, os bombeiros se reuniram para decidir em assembleia se a greve vai continuar. Mais cedo, Cristiane Daciolo disse que pelo menos seu marido deveria sair de Bangu 1, presídio destinado a bandidos de alta periculosidade.
"São 30 homens de bem presos como bandidos. Pelo menos eles deveriam estar no lugar certo, que é o Grupamento Especial Prisional (GEP). Meu marido está fazendo greve de fome. Desde quinta ele não come nada", afirmou.
De acordo com Cristiane, os líderes do movimento querem um encontro com a presidente Dilma Rousseff na terça-feira. "Ela deveria fazer alguma coisa. Afinal, há 40 anos ela também foi perseguida."
De acordo com Cristiane, que diz falar em nome das mulheres e famílias dos bombeiros presos, a saída da Polícia Civil do movimento não afetará a greve da corporação. O presidente do Sindicato dos Policiais do Rio de Janeiro (Sinpol), Fernando Bandeira, que tem 2.500 associados, negou que a categoria tenha saído do movimento, e desmentiu as declarações feitas na véspera pelo inspetor Francisco Chao, do Sindicato da Polícia Civil, que em coletiva anunciou a saída da Polícia Civil do movimento. A categoria está dividida e o movimento se esvazia.
No sábado, Francisco Chao afirmou que a Polícia Civil decidiu suspender a participação na greve que reúne também PMs e bombeiros. Ele afirmou que os agentes marcaram uma nova assembleia para a próxima quarta-feira, para resolver se mantêm ou não a decisão. Segundo ele, a suspensão foi decidida devido a "eventos como três ataques a caixas eletrônicos em São Gonçalo ocorridos nos últimos dias".
Um total de 187 militares já foram detidos administrativamente ou presos desde sexta-feira, primeiro dia da greve de bombeiros e policiais. Essa soma inclui 162 guarda-vidas, que ficaram detidos nos quartéis por não terem se apresentado aos seus postos de trabalho, oito bombeiros presos ontem e 17 PMs que já estão na cadeia desde anteontem.
Cento e vinte e três guarda-vidas foram detidos administrativamente na sexta-feira e 39 ontem. A prisão administrativa vale por 72 horas. Além disso, 11 mandados de prisão foram emitidos ontem contra 11 bombeiros, líderes do movimento grevista, e oito foram cumpridos. Esses cabeças da greve foram levados para o presídio Bangu 1, onde já se encontra, desde quinta-feira, o cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo.
Além desses bombeiros, estão presos desde sexta-feira 17 policiais militares. Desses, dez $ão considerados líderes do movimento e também foram levados para Bangu 1. Ainda há um sendo procurado. Outros sete policiais militares estão no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica.