Começam nesta segunda-feira (25) as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para os alunos das escolas da rede estadual do Paraná, cuja greve de professores não dá pinta de acabar, o jeito é pôr em prática o que os mestres tanto pedem: estudar em casa.
“A orientação é fazer a inscrição, ler os livros didáticos e entrar em contato de alguns professores para pedir ajuda”, ensina Carlos Arthur Longen, diretor do Colégio Castelo Branco,de Toledo, no Oeste. A escola se destaca por ter uma das melhores médias da rede pública no Enem.
A interação virtual entre professores e alunos, via e-mail ou redes sociais, é uma forma de amenizar o tempo perdido. É o que tem feito o professor de Sociologia Robson Mori, que usa os grupos de Facebook criados durante as aulas para orientar seus alunos. São dicas que vão de estudos em Ciências Humanas a links com simulados para a prova. “Mas deixei claro que era uma opção minha e eles não poderiam exigir a mesma postura de outros professores”, pondera, já que a categoria está em greve.
O Enem tem uma vantagem que é abordar questões de toda a vida escolar e cotidiana do estudante, não só conteúdo do último ano. Na prática, significa que o aluno “não tem tanto prejuízo quanto ao conteúdo, porque são questões da toda dele como aluno”, explica Longen.
Com o impasse na negociação entre professores e governo, as escolas não têm previsão de como será feita a adequação do calendário para dar conta do conteúdo da prova até sua aplicação, em 24 e 25 de outubro.
Uma comissão da Secretaria da Educação (Seed) deve se reunir nesta segunda-feira para definir um cronograma para a edição 2015 do programa Gabaritando o Enem, e avaliar quais ações podem ser tomadas para fortalecer os estudos dos alunos do 3.º ano.
Mão na massa
Estudante do último ano do ensino médio do Colégio Estadual do Paraná, Letícia Reinaldim Licheta se prepara para uma maratona de fim de ano: além do Enem, ela quer prestar vestibular na UFPR, USP e Unicamp. Letícia começou a estudar em casa no ano passado, graças ao incentivo dos próprios professores. Durante a greve, dobrou o tempo de estudo: de 1h30 para 3 horas por dia.
O material de apoio são as apostilas do próprio Cursinho do colégio e de cursos pré-vestibulares privados, que Letícia conseguiu com amigos. Para diversificar os exercícios, ela conta com os simulados do Enem na internet. quando as dificuldades em Biologia surgiram, ela correu falar com o professor via Facebook.
Literatura
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Dos livros de leitura obrigatória para o vestibular da UFPR, aproveitou os dias parados para devorar títulos como Poemas Escolhidos, de Gregório de Matos, O Bom Crioulo, de Adolfo Caminha e Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Ainda faltam sete da lista.