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Perdas arqueológicas

Palmira, um berço da civilização à beira da extinção

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(Foto: JOSEPH EID/AFP)

Perdas arqueológicas irreparáveis colocam em risco a sobrevivência histórica de um dos berços da civilização no Oriente Médio. Os ataques a Palmira, que foi tomada pelo Estado Islâmico e retomada pelo governo sírio no fim do mês passado, resultaram em inúmeras destruições e saques de um dos mais importantes patrimônios históricos da humanidade tombados pela Unesco. Com mais de dois mil anos história e localizada em meio ao deserto e próxima a um oásis, Palmira abrigou ruínas de uma cidade que foi um dos centros culturais mais importantes do mundo.

Os extremistas do Estado Islâmico, que ficaram na cidade por 10 meses, derrubaram torres, colunas, templos e estátuas. Edificações históricas, como o templo de Bel, passaram a ser escombros. O Arco do Triunfo de Palmira foi transformado em pó. Muitas obras de artes e arquiteturas que datavam dos séculos 1 e 2, que combinavam técnicas greco-romanas com tradições locais e influências persas, tornaram-se destroços. A Unesco classificou os atos como crime de guerra.

Mesmo a pretensão de reconstruir as edificações, que foi anunciada pela Síria, não passam de ilusão. “A destruição de monumentos, tanto em Palmira como em outros lugares da Síria, do Iraque, do Oriente Médio, da África, do mundo inteiro, fazem com que percamos nossa condição histórica e humana para sempre. Infelizmente, isso é irreparável”, ressalta o historiador Renan Frighetto, professor do Núcleo de Estudos Mediterrânicos da Universidade Federal do Paraná.

Segundo ele, todo o estrago, que contou até com marteladas para depredar imagens do museu da cidade, é um delito indescritível contra o patrimônio da humanidade. “Há que se pensar que toda e qualquer construção e monumento do passado foi feito com técnicas da época e com materiais que nem sempre são facilmente encontrados. Por certo que podemos fazer uma cópia, mas nunca será o original”, afirma Frighetto.

O professor e pesquisador destaca ainda que os vestígios arqueológicos de Palmira foram e serão sempre fundamentais para o estudo e o conhecimento artístico, arquitetônico e histórico. “O que realmente chocou a todos foi a brutalidade contra os civis que ali viviam e a sanha ignorante contra monumentos que contam nossa história, nosso passado”, ressalta. Antes do início do conflito na Síria, a população de Palmira estava estimada em 50 mil a 70 mil pessoas e, durante a presença do grupo extremista, em 15 mil.

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