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Vida e Cidadania | 3:55
Quatro das cinco pesquisadoras da UFPR que estavam na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira destruída por um incêndio na madrugada de sábado (25), falam sobre o acidente e contam como foi o momento de retirada da estação.
Quatro das cinco pesquisadoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que estavam na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) na madrugada de sábado (25) quando um incêndio destruiu a base brasileira, falaram pela primeira vez publicamente sobre o acidente, em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (28) na reitoria da universidade.
Cintia Machado (doutoranda em Biologia Celular e Molecular); Nádia Sabchuk (mestranda em Ecologia e Conservação); e Maria Rosa Pedreiro e Priscila Krebsbash (ambas mestrandas em Biologia Celular e Molecular) chegaram em Curitiba na segunda-feira (27), após escaparem ilesas do incêndio.
Segundo as pesquisadoras, não houve pânico no momento do incêndio. Todos os pesquisadores presentes na estação passaram por treinamentos para situações de emergência e foram para o refúgio assim que souberam da ocorrência. As pesquisadoras disseram, também, que não houve nada de anormal antes do acidente. "Tudo estava dentro da rotina, foi uma fatalidade. Não dá para dizer que foi um acúmulo de erros", afirma Priscila.
As quatro estavam juntas, conversando dentro da estação, quando o alarme disparou. A única coisa que deu para fazer foi pegar alguns documentos e roupas para aguentar o frio. "Quando a gente viu o tumulto, a gente conseguiu correr até o camarote e pegar algumas roupas. Mas pensamos que o fogo ia ser controlado, e, por isso, pegamos só o essencial e saímos", afirma Priscila. As únicas vítimas do incêndio foram os três militares que combateram o incêndio. Dois deles morreram e um ficou ferido.
As pesquisadoras contaram, também, que o baque foi grande. "Todo mundo que trabalha com a Antártida tem uma paixão muito grande pelo local e pelas pesquisas que realiza, por saber da grandiosidade daquele lugar. No momento em que a gente estava saindo de lá, a dor de ver aquele local da maneira como ficou foi muito grande, sem contar as duas vidas que se perderam", comenta Maria Rosa.
Volta
Apesar do incidente, as pesquisadoras querem voltar ao continente. "Eu desejo poder voltar e ver uma nova estação brasileira. Acredito que o Brasil precisa que seus pesquisadores deem continuidade aos seus trabalhos".
A coordenadora do programa de pós-graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Lucélia Donatti, pediu que o governo brasileiro ouça os pesquisadores do programa antártico, para a reconstrução da base. Ela é a orientadora da equipe paranaense que estava na estação. A UFPR participa do programa desde 1984.
"O tempo de reconstrução não importa muito, depende mais de vontade política e de aporte financeiro", disse Lucélia, que já esteve várias vezes no continente antártico. "A comunidade científica tem que ser ouvida, pois precisamos de uma estação com características de competitividade".
A pesquisadora, que acompanha o programa antártico desde 1996, lamentou as perdas nas pesquisas da alteração climática sobre os peixes. "Dentro do trabalho, o pesquisador sabe que vai impactar de certa forma o meio ambiente, e esse material que foi retirado se perdeu sem sentido algum", disse.
Outra pesquisadora da UFPR, a professora do Centro de Estudos do Mar Therezinha Absher, também estava presente no incêndio. Entretanto, ela não participou da entrevista.