O estudante Felipe Iasi, que levou Carlos Eduardo Sundfeld Nunes à casa de Glauco na noite do assassinato do cartunista, afirmou estar "revoltado" após ser informado na tarde desta segunda-feira (22) que foi indiciado por participação no crime.
A informação do indiciamento foi confirmada pelo delegado Archimedes Cassão Vera Júnior. Segundo ele, foram atribuídos à ação dele os artigos 29 e 121 combinados, o que significa participação no homicídio.
Após sair do 1º DP em Osasco, o estudante disse: "Estou revoltado. Eles não apresentaram prova nenhuma."
O advogado do estudante Felipe Iasi, Cássio Paulette, diz que o jovem foi chamado para prestar um depoimento "complementar" e só ao chegar foi informado sobre o indiciamento.
Iasi afirma ter sido forçado a levar Cadu à casa do cartunista na noite do crime. Em seu depoimento, Cadu confirma a versão. No entanto, a polícia não está convencida de que o estudante não tenha ajudado Cadu a fugir do local do crime. Por isso, ele poderá responder por coparticipação no assassinato.
"A autoridade policial perdeu completamente a base do que é razoável. Vou discutir isso em juízo e se possível vou recorrer ao órgão correcional", afirma Paulette.
O advogado diz ter sido enganado ao levar Iasi para depor nesta segunda sem saber que o jovem ia ser indiciado. Ele afirma que não teve acesso ao conteúdo dos laudos do inquérito que envolvem Iasi. "A partir do momento em que o delegado tem essa conduta, não merece mais minha atenção", conta.
O carro do estudante Felipe Iasi, um Gol Prata, ficará retido na Delegacia Seccional de Osasco, na Grande São Paulo, onde deve passar por nova perícia. O carro é o mesmo que foi utilizado para levar Cadu à casa do cartunista Glauco na noite em que ele e seu filho Raoni foram assassinados.
De acordo com o padrasto do estudante, Antônio Lima, o jovem nega participação na fuga e é "uma vítima de Cadu". "Ele é vítima nessa situação, é importante lembrar. Ele estava sob a mira de um revóvler e nessa situação a melhor coisa que podia fazer era conseguir fugir."
Essa é a segunda perícia pela qual passa o carro do estudante.
Polícia
De acordo com o delegado, Iasi teve diversas oportunidades de avisar a polícia, mas não o fez . "Ele foi chamado aqui hoje para depor, mas por esse motivo resolvi indiciá-lo", diz Vera Júnior.
Ele afirma que Iasi passou por um carro de polícia na região da Praça Panamericana, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, quando se dirigia para casa de Glauco na companhia de Cadu. Essa era apenas uma das oportunidades de evitar os assassinatos, diz o delegado.
Quando chegaram à casa do cartunista, segundo o depoimento de Iasi, ele pulou o muro para abrir o portão para Cadu. "Ele poderia ter corrido e avisado a família o que estava acontecendo. Quando se sentou no sofá ao lado da viúva do cartunista poderia ter dito que também havia sido sequestrado", diz o delegado. "Ele não fez nada disso e ainda não avisou a polícia quando saiu da casa de Glauco."
O indiciamento se deu por provas testemunhais. As informações sobre o rastreador do carro de Iasi ainda não foram concluídas, mas não devem mudar a tipificação do crime a que o estudante deve responder. "Ele facilitou o crime", diz o delegado.
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