Índios de aldeias próximas se juntaram na noite de sábado aos do acampamento Guaviry, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, onde o cacique Nísio Gomes, de 54 anos, teria sido morto a tiros por pistoleiros. Eles cobram empenho nas buscas do corpo do líder indígena, que está desaparecido desde sexta-feira, para que ele seja enterrado conforme as tradições dos guarani-caiuá.
De acordo com os índios, o cacique foi baleado e o corpo dele, levado pelos pistoleiros, que teriam sido contratados por ruralistas da região. A Polícia Federal também investiga o sequestro de dois adolescentes de 12 anos e uma criança de cinco anos.
Segundo o coordenador regional da Funai, Silvio Raimundo da Silva, Nísio Gomes era um líder religioso muito respeitado pelos índios e por isso o sumiço dele causou grande impacto na população indígena da região.
- Eles estão bastante agitados, abalados e temerosos com essa situação - disse Silva.
Cerca de 60 índios moravam no acampamento, mas, de acordo com a polícia, somente dez estavam no local para dar informações. Assustados com a violência, muitos buscaram proteção na mata.
Equipes da Polícia Federal fazem buscas pelo corpo. Alguns índios que estavam com ferimentos de tiros de borracha foram encaminhados para fazer exame de corpo de delito. Segundo a assessoria do MPF, a perícia recolheu cartuchos de balas de borracha e um boné que estaria sendo usado pelo cacique no dia do ataque. O boné apresenta uma perfuração que, segundos os índios, foi provocada pelo tiro que acertou a cabeça de Nísio.
O filho do cacique, Valmir Cabreira, conta que o pai foi morto com tiros na cabeça, pescoço, peito, braços e perna. Também ficaram constatadas marcas que indicam que um corpo foi arrastado, o que poderia ser o do cacique, já que, segundo Cabreira, depois de matar o cacique os pistoleiros levaram o corpo de colocaram dentro de uma das caminhonetes.
O ataque ao acampamento indígena ganhou repercussão entre os movimentos sociais. O Cimi e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) classificaram o episódio como um "massacre". Segundo o Cimi, a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos deve vir a Mato Grosso do Sul na próxima semana para visitar a área de conflito.
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