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Águas de junho

Jogo do Brasil dá trégua ao drama das chuvas

Abrigo improvisado em salão paroquial teve reunião de torcedores para ver o jogo da seleção | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Abrigo improvisado em salão paroquial teve reunião de torcedores para ver o jogo da seleção (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Os desabrigados pela chuva em União da Vitória deixaram o sofrimento e a preocupação de lado ao menos por duas horas para acompanhar o jogo da seleção brasileira, ontem, na abertura da Copa do Mundo. "Aê, Brasilzão! Uhul! Ê, Neymar, esse é o cara!", desabafou, aos gritos, o operador de máquinas Maurício Gonçalves dos Santos, 38 anos, ao fim da partida que marcou a vitória do time canarinho.

Em meio a colchões, roupas penduradas e crianças correndo, gritando e jogando bola, Maurício não desgrudou os olhos do aparelho de televisão emprestado de um morador de São Basílio, um dos bairros mais afetados pelas chuvas. Junto com outras 50 pessoas, ele está em um abrigo improvisado pela Defesa Civil no salão paroquial da Igreja do Rocio, desde domingo, quando o Rio Iguaçu começou a subir em ritmo acelerado. A casa onde mora com os dois filhos, de 14 e 5 anos, "está com água pela metade". "Não salvei quase nada, nem meu colchão. O guarda-roupas, que ainda estou pagando, inchou."

Acostumado a viver em meio às cheias – coisa comum entre moradores de União da Vitória –, o operador de máquinas garante que não há motivo para tristeza. "Estou feliz, entre amigos, meus filhos estão bem. Não adianta chorar sobre o leite derramado, guarda-roupa a gente compra outro. O futebol é uma paixão, não tem como não parar para torcer."

Sem teto

Organizados, os abrigados do Rocio – no total, a prefeitura estima que 500 pessoas estejam na mesma situação e outras 12 mil tenham procurado residências de amigos e parentes – são uma lição de solidariedade. Enquanto uns varrem e organizam, outros estouram pipoca e passam um cafezinho. "As crianças derrubaram um monte de pipoca", sorri Aline Aparecida da Silva, 15 anos, com uma vassoura na mão. "Não adianta torcer contra. Não tem hospital, mas, agora, se o Brasil perder, vai continuar não tendo. Então, temos que ganhar", opina. Os pais dela – José Ari Ferreira da Silva e Laís Boico – têm trabalhado na coordenação do abrigo, ajudando a anotar todos os donativos que chegam e a manter a ordem. "O pai que fez o almoço hoje, risoto. E vai fazer a janta também."

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