Abusos de autoridade
Nos últimos oito meses, pelo menos cinco casos envolvendo suposto abuso de autoridade e violência cometidos por policiais militares chamaram a atenção da população paranaense e assustaram principalmente Curitiba e região. Dos 18 envolvidos em casos polêmicos, dois foram expulsos da corporação e respondem a processos criminais. Os outros 16 estão, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp), afastados das ruas e realizando serviços administrativos.
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Mais um caso de violência envolvendo policiais militares foi denunciado, neste fim de semana, em Curitiba. Quatro jovens, que preferem não ser identificados, afirmam que foram agredidos por policiais da Cavalaria Montada na noite de sábado (24), em um posto de combustível. Entre os jovens havia um adolescente. Na manhã desta segunda-feira, três dos quatro jovens fizeram exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com reportagem do telejornal Bom Dia Paraná, os rapazes afirmam que foram agredidos após a chegada dos policiais no posto. Segundo entrevista de um jovem ao Bom Dia Paraná, os policiais acusaram o grupo de rapazes de ter insultado os PMs. Então começou a violência.
As imagens mostram hematomas no corpo do jovem entrevistado. "Chegaram batendo na gente. Levaram a gente para trás do posto...O cara falou: você mexeu com a cavalaria montada e você vai apanhar", denunciou o jovem agredido, de 23 anos.
Segundo outro rapaz, os policiais levaram o veículo em que estavam os jovens até o batalhão de trânsito, forjaram algumas multas e apreenderam o carro, que não tinha nenhuma infração até então. "Vamos jogar umas multas aí e você vai perder a sua carteira. Vai levar uns pontos na sua carteira e vai responder por direção perigosa, ameaçar pedestres", afirmou o jovem.
Ainda de acordo com a reportagem do Bom Dia Paraná, os jovens passaram a noite de sábado presos no 8º Distrito Policial e afirmam que foram obrigados a ficar de joelhos e proibidos de se comunicar com as famílias.
Famílias não conseguem prestar queixa
As famílias dos rapazes foram a duas delegacias tentar registrar queixas e em uma delas foram orientadas a procurar o Comando da Polícia Militar. Como era domingo, as famílias não conseguiram registrar queixa e foram orientadas a voltar na manhã desta segunda-feira (26). "Eu acho que a gente precisa de segurança da polícia e não você, teu filho sair e chegar em casa que apanhou da polícia", afirmou uma das mães dos rapazes agredidos.
Na manhã desta segunda-feira, segundo reportagem do Paraná TV, as famílias foram até o Comando da Polícia Militar da Capital, mas novamente não conseguiram registrar a queixa. Desta vez, elas foram orientadas a procurar o Batalhão de Cavalaria. Em vez disso, as famílias abriram uma representação criminal por abuso de autoridade e tortura junto a Polícia Civil do Paraná e enviaram cópias para a Promotoria de Investigação Criminal (PIC).
Explicações
O Comando da Polícia Militar afirmou que abriu um inquérito para descobrir o que houve no posto de combustível. As investigações podem durar até 40 dias. Segundo as primeiras informações da PM, os jovens teriam reagido à abordagem policial.
Uma testemunha já foi ouvida e o frentista que estava na noite de sábado no posto também prestará depoimento. De acordo com a PM, foi preciso usar da força para conter as pessoas que teriam insultado os policiais.
"Nós já temos o testemunho de um morador próximo ao posto, que afirma que acompanhou a ação policial e afirma não ter visto nela nenhum tipo de abuso feito contra as pessoas que denunciam", afirmou o comandante do Regimento de Polícia Montada, Roberson Bondaruck.
"Se a situação mostrar que a força utilizada for além da razoável para aquele caso, cabe não apenas risco de punição disciplinar, mas procedimento penal contra esses policiais", definiu Bondaruck.
Outros casos
Nos últimos meses várias denúncias foram feitas contra possíveis abusos de autoridade em ações de policiais militares em Curitiba, e região metropolitana. No dia 10 deste mês, um estudante afirma que foi abordado por quatro policiais em São José dos Pinhais. Ele e o amigo foram revistados e agredidos pelos policiais. Os PMs envolvidos no caso foram afastados até que a investigação interna da corporação apure o caso.
Dois outros casos estão sendo investigados por suspeita de abusos na ação de policiais militares. Um deles a morte do pedreiro Édson Elias dos Santos. Santos foi morto com diversos tiros nas costas no Largo da Ordem, em fevereiro. E a outra morte do carregador Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos. Ele foi atingido por 30 tiros após abordagem de policiais.
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