Nos últimos oito meses, pelo menos cinco casos envolvendo suposto abuso de autoridade e violência cometidos por policiais militares chamaram a atenção da população paranaense e assustaram principalmente Curitiba e região. Dos 18 envolvidos em casos polêmicos, dois foram expulsos da corporação e respondem a processos criminais. Os outros 16 estão, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp), afastados das ruas e realizando serviços administrativos.
O mais recente dos casos ocorreu neste fim de semana em São José dos Pinhais, na região metropolitana. Um estudante, que não quis ser identificado, afirmou, ao ParanáTV do último sábado, que estava com outro amigo em seu carro quando uma viatura da Polícia Militar os abordou na Avenida das Torres. Os quatro policiais teriam atirado para o alto, revistado e agredido os dois com tapas, além de agressão verbal.
O comandante da PM, Marcos Teodoro Scheremeta, informou que os policiais foram afastados e que, nesta segunda-feira, foi aberto um Inquérito Policial Militar para apurar as denúncias. Durante as investigações, os quatro PMs envolvidos ficam fora das ruas, realizando trabalhos administrativos por pelo menos 40 dias. Segundo a assessoria de imprensa da Sesp, Scheremeta preferiu não falar mais sobre o assunto e garantiu que a denúncia será apurada.
Quatro dos cinco casos estão sendo investigados. Um deles já foi encerrado. A assessoria da Sesp disse ainda que não pode fornecer detalhes sobre os inquéritos e processos, já que eles são sigilosos e administrativos, ou seja, são procedimentos internos da PM.
Confira quais foram os outros casos:
Roubo no Largo na Ordem
Em 7 de agosto de 2006, dois policiais militares foram flagrados pelas câmeras do ParanáTV roubando um rádio cd player de um automóvel no Largo da Ordem, no Centro de Curitiba. A reportagem do telejornal mostrava a ação de ladrões que arrombavam os carros para roubar o que tinha dentro. Uma viatura da PM se aproximou de um dos carros arrombados e um dos policiais aproveitou o momento e roubou o aparelho eletrônico.
Os policiais Adriano Fronza, 34 anos, e Altemis Pinheiro, 37, foram expulsos da Polícia Militar em novembro. Alguns dias antes eles haviam conseguido a liberdade provisória para acompanhar o caso. Ainda, segundo a Sesp, como foram expulsos, o caso foi encerrado.
Golpe do falso seqüestro
Um casal, que preferiu não se identificar, foi vítima do golpe do falso seqüestro no início deste mês em Curitiba. Para a surpresa da família, parte das ligações partiu de uma central da Polícia Militar da capital. O caso gerou muita confusão, mas, segundo o comando da PM, os policiais fizeram ligações dentro de uma investigação.
A PM descartou a hipótese de os policiais terem tido qualquer participação no golpe, mas abriu uma sindicância para apurar porque não foi feito o registro das ligações dos policiais às vítimas. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança, os dois policiais estão temporariamente afastados de suas funções.
Esquadrão da morte no Umbará
No fim de fevereiro, o carregador Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos, de 19 anos, foi morto com 30 tiros por policiais militares das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam). Segundo a versão da família o rapaz foi executado pelos policiais, mas a PM teria dito que foi recebida a tiros ao identificar que o carro em que Santos estava que era da sua mãe seria furtado.
As versões para este caso também se mostraram confusas. A polêmica aumentou ainda mais quando o governador do Estado, Roberto Requião, deu entrevistas dizendo que a morte do rapaz foi "claramente um fuzilamento" e comparou a ação dos policiais a um tipo de "esquadrão da morte". Requião levantou suspeitas em relação a todo o caso e pediu providências imediatas ao comandante da PM, Nemésio Xavier, e ao secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari.
Também sem fornecer mais detalhes sobre o andamento das investigações, a Sesp afirmou que quatro policiais foram afastados e permanecem assim enquanto durarem as investigações.
Morte no Largo da Ordem
O pedreiro Édson Elias dos Santos, de 28 anos, foi morto com oito tiros - seis nas costas e dois na região do abdome, por policiais militares no sábado de Carnaval, dia 17 de fevereiro. Na versão oficial da PM, os policiais foram chamados para atender uma suspeita de roubo de carro e na abordagem, Santos teria reagido e atirado contra os policiais. Testemunhas disseram o contrário e garantiram que o homem não estava nem armado.
Neste caso, seis policiais estão sob investigação interna da Sesp. As mortes de Edson e Felipe estão recebendo acompanhamento da Promotoria de Investigação Criminal do Ministério Público.
Morte no interior
Uma nova denúncia envolvendo policiais militares na morte de um rapaz, desta vez em Laranjeiras do Sul, na região Sul do estado, veio à tona no início da noite desta segunda-feira. Segundo reportagem do Paraná TV, segunda edição, o caso ocorreu em 2005, mas só agora - um ano e meio depois - é que os suspeitos, um delegado e dois policiais militares, estão sendo acusados da morte de Maicon Antônio Minski, de 18 anos. O rapaz estava num churrasco com amigos quando um vizinho ligou para a polícia reclamando do barulho. A Polícia Militar foi acionada e Minski foi preso e levado para a delegacia de Laranjeiras do Sul. Durante a madrugada, a família foi informada que o rapaz estava morto. Segundo a polícia, ele tinha se enforcado dentro da cela. (Leia a matéria completa sobre o caso)
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